
Junho Chu: Do Vazio à Plenitude - Um Caminho de Fé na Coreia do Sul
A Coreia do Sul é um país com a maioria da população budista. Os cristãos somam cerca de 31% da população e os católicos são 11,3%, segundo dados divulgados pela Conferência Episcopal da Coreia do Sul, no documento "Estatísticas da Igreja Católica coreana 2023".
Em 250 anos de Cristianismo nesta península, Deus suscitou grandes homens e mulheres que se tornaram mártires e santos em nome da fé Católica, que curiosamente foi implantada por leigos que se converteram através da leitura de livros que lhes chegavam da China. As pessoas reuniam-se e estudavam em conjunto para aprenderem sobre o catolicismo, percebendo que ali estava a Verdade.
Actualmente, mesmo perante uma minoria, a evangelização continua a suscitar e a converter pessoas para Deus e para a Igreja, como o caso do jovem Sul Coreano Junho Chu, de 35 anos, músico, compositor e vocalista da banda católica The Seventeen, que nasceu e cresceu numa família ateia, tendo ouvido falar de Jesus, pela primeira vez, através de protestantes.
Junho Chu viveu como ateu até aos 22 anos, e seguia o conceito que a sociedade propagava de que se deveria conquistar algo material e ser uma pessoa de sucesso. "Até então, vivia como ateu, acreditando que as realizações mundanas e o sucesso determinavam a felicidade na vida. Costumava acreditar que entrar numa boa universidade tornaria a minha vida mais feliz. No entanto, mesmo depois de entrar na universidade que ambicionava, não estava tão feliz como pensava", relata.
Durante este período de insatisfação, vazio e tristeza, começou a procurar a verdadeira felicidade. "Comecei a estudar sobre as várias religiões: protestantismo, islamismo, budismo e o catolicismo. Nessa época, dois padres conhecidos e respeitados faleceram. Para mim, a vida deles era muito estúpida, porque eles deram a vida pelos outros, desistiram de si para servir e amar as pessoas. Na minha mente, pensava que aquela vida era muito estúpida, mas no meu coração comecei a pensar que talvez na Igreja Católica houvesse alguma verdade. Foi assim que comecei a ir todos os Domingos e durante a semana à Missa. Então, como o padre me via sempre lá, perguntou-me se me queria baptizar e eu respondi que sim!", testemunha Junho Chu.
Depois do seu baptismo, Junho Chu ainda estava em meio às suas dúvidas intermináveis sobre a existência de Deus. "Eu orava com arrogância: 'Bem, se o Senhor é Deus, por que não me faz feliz? Se o Senhor me fizer feliz, então começarei a acreditar.' Então, mais uma vez, aconteceu uma poderosa experiência interior que jamais esquecerei. Um dia, eu estava a comer tteokbokki, um petisco coreano, com os meus colegas soldados no refeitório da igreja, e o comandante do batalhão passou pelo refeitório. Como ele tinha sido tão bom para nós e era tão amigável, dissemos: 'Senhor, gostaria de um pouco de tteokbokki?' O comandante do batalhão disse: 'Obrigado, obrigado, obrigado, posso comer um pouco?', veio ter connosco e, quando chegou à mesa, fechou os olhos e fez o sinal da cruz, depois rezou um pouco, comeu um pedaço de tteokbokki, fez outro sinal, agradeceu ao Senhor e saiu do refeitório. Isto foi um choque para mim. Não consegui tirar esta cena da cabeça durante cerca de três dias, mas enquanto pensava nisso, uma nova pergunta surgiu na minha mente: 'Como seria para alguém dar graças e louvar ao Senhor mesmo comendo um pedacinho de tteokbokki?'"
Junho Chu prometeu a si mesmo que, a partir de então, iria orar antes e depois de cada refeição e começou também a descobrir coisas pelas quais podia estar grato e que estavam escondidas em toda a parte da sua vida militar, para além das refeições. "O meu coração ficou leve e senti como se tivesse descoberto um novo mundo. E assim, gradualmente, terminei o meu serviço militar, que começou com irritação e descontentamento, com gratidão. A minha expressão mudou, o meu comportamento mudou, a minha vida mudou."
Actualmente, Junho Chu viaja pela Coreia todas as semanas para dar concertos e cantar em missas. Para além disso, também faz discursos e modera eventos relacionados com a Igreja Católica, tentando encontrar diferentes públicos e partilhar com eles a sua experiência do amor de Deus. Realiza também uma evangelização na Internet e redes sociais, lançando músicas e vídeos musicais.
"Sou cantor, mas também escrevo e componho, por isso tenho feito muitas canções, gravando-as, fazendo videoclipes e lançando-as. Além disso, tenho feito muito conteúdo católico, no YouTube. Entrevistei padres sobre as suas histórias vocacionais e criei um programa de encontros online onde os jovens católicos se podem encontrar. Estou disposto a criar conteúdo em qualquer formato e com o máximo de planeamento e criatividade que conseguir reunir. Isto significa que posso partilhar o amor de Deus com um público mais vasto".
Quando questionado sobre a realidade actual da Igreja na Coreia, Junho Chu relata que houve uma mudança na Igreja Católica coreana de uma "igreja que recebe para uma igreja que doa". O notável crescimento económico da Coreia, no último meio século, não só a colocou numa posição de ajudar a igreja noutros países necessitados, como é agora um país que envia sacerdotes, religiosos e missionários leigos para todo o mundo.
"Há cerca de 200 anos, os nossos antepassados religiosos arriscaram a vida para descobrir como poderíamos ter um, apenas um, sacerdote nesta terra e como poderíamos celebrar a missa e a comunhão com eles. Tenho a certeza de que ficariam muito orgulhosos ao ver do céu a Igreja na Coreia, hoje em dia".
Existe definitivamente um outro lado desta situação: o número de fiéis está a diminuir, e muitos jovens, em particular, já não frequentam a igreja. "Parece que o catolicismo já não é uma religião atraente para os jovens de hoje. Talvez, à medida que a sociedade se tenha desenvolvido e a igreja se tenha tornado mais próspera, tenha perdido o encanto da igreja primitiva, que deu esperança a muitas pessoas em tempos de dificuldades e pobreza".
A Igreja coreana encontra forças para permanecer e dar continuidade à sua missão. "Como nos baseamos neste contexto histórico, pensamos sempre e meditamos sobre o que significa viver como católico na Coreia, em 2025, e o que significa viver como músico católico nesse contexto, de modo que a nossa música é influenciada pela história e cultura católicas únicas da Coreia. Como o orgulho de sermos leigos que abraçaram a fé católica pela primeira vez, o exemplo dos mártires que viveram a sua fé e vida em unidade, o respeito especial pelos padres que vem de uma história de não ter padres e a devoção especial a Maria, a santa padroeira da Igreja na Coreia, tudo isto se reflecte naturalmente nas nossas músicas", testemunha Junho Chu.
Jornada Mundial da Juventude na Coreia
Muitos jovens da Coreia do Sul aguardam com grande entusiasmo e alegria a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza, daqui a quatro anos, em Seul, a capital da Coreia do Sul.
"Faremos o nosso melhor para dar as boas-vindas aos peregrinos de todo o mundo na Coreia e queremos concentrar as nossas orações e entusiasmo para fazer da JMJ, em Seul, o melhor momento da vida de cada peregrino, porque é uma oportunidade, única na vida, para os católicos de todo o mundo se reunirem no nosso país. Estaremos à vossa espera em oração, e tudo o que têm de fazer é vir com um coração puro e aberto, pronto para realmente desfrutar de cada momento!"
Junho Chu faz parte da Diocese de Suwon, que está localizada mesmo ao lado da Arquidiocese de Seul, que vai acolher a JMJ. É conhecida como uma diocese com uma grande proporção de jovens e é muito animada. Normalmente, quando se realiza uma JMJ, acontece o programa Days in Diocese que é realizado cerca de cinco dias antes do evento principal, que permite aos jovens que desejam ter uma experiência de alojamento na casa de alguma família ou um programa de intercâmbio cultural numa diocese diferente da diocese anfitriã.
"Sou o representante leigo do programa Days in Diocese, na Diocese de Suwon, na Coreia, e se se inscreverem nas JMJ e vierem ao programa, podem juntar-se a mim! Convido-vos para a Diocese de Suwon, onde se pode sentir a espiritualidade do Padre Andrew Kim Taegon e de muitos outros mártires, e onde se pode sentir o dinamismo dos jovens na Igreja Coreana", convida Junho Chu.
Que a conversão e o testemunho dos cristãos coreanos e do jovem Junho Chu possam motivar a nossa Igreja portuguesa a perseverar e a manter acesa a chama da evangelização em tempos de perseguição religiosa e na fé dos santos e mártires.
Siga nas redes sociais: YouTube – Junho Chu | Instagram – Junho Chu