São Teotónio – o primeiro santo de Portugal
Que bonito é olharmos para o nosso país e encontrarmos gente boa! Tantas pessoas simples que são verdadeiros “santos anónimos”. Ao lado desses encontramos outros que são reconhecidos e que podemos conhecer melhor. Existem, de facto, grandes exemplos de santidade real, palpável e alcançável. Gente que como nós, viveu aqui, no nosso país, num tempo que nunca foi ideal e que sempre teve as suas dificuldades, mas que fizeram uma escolha radical por Jesus e pelas coisas do Reino de Deus.
São Teotónio
São Teotónio procurou viver as virtudes sem se esquecer dos mais necessitados. Para os jovens, este santo indica o caminho da simplicidade, da fidelidade e do amor a Deus e ao próximo.
São Teotónio nasceu em 1082 em Ganfei, perto de Valença do Minho. Quando criança, estudou com os monges. Com cerca de dez anos, passou a morar com o seu tio e a ser formado por ele, o qual era bispo de Coimbra.
Nesse período, o jovem formou-se em filosofia e teologia, como qualquer padre e simultaneamente crescia em humanidade e em fé. Quando o bispo de Coimbra faleceu, ficou aos cuidados de outro parente, também religioso, responsável pelo mosteiro de Viseu.
Apaixonado pela missão
Depois de ordenado, foi eleito responsável desse mosteiro. Apaixonado pela história da salvação, fez a sua primeira peregrinação à Terra Santa. Quando voltou, queriam que fosse ordenado bispo de Viseu, mas ele recusou, pois, queria continuar como um simples missionário, sem regalias, sem altos cargos, sem pompas. O seu único objetivo era testemunhar a graça e a misericórdia de Deus a todos aqueles que passavam pela sua vida.
Aos jovens, São Teotónio ensina com a sua vida que o essencial não está no possuir ou nos altos cargos e posses, mas em ser o que Deus quer, na simplicidade da vida quotidiana, no serviço aos pobres e num cristianismo vivido com radicalidade.
Fundador apaixonado pela Igreja
Quando estava na Terra Santa, Teotónio foi convocado pelo seu antigo orientador espiritual para ajudá-lo a fundar uma congregação. Assim, tornou-se cofundador da ordem e primeiro responsável pela congregação que seguia os passos e a Regra do grande Santo Agostinho de Hipona.
A sua vida e missão foram marcadas pela heroicidade necessária para a reconquista católica de Portugal. Mas nesse contexto, o mais bonito é que Teotónio entendeu que não eram as guerras e a supremacia bélica que fariam mudar a sociedade, mas sim a boa formação dos jovens, que como São João Paulo II dizia, não são o futuro, mas o presente da Igreja.
Testemunho que arrasta
Este nosso santo era também um grande missionário, apaixonado pelo anúncio da Palavra, da Graça e da Misericórdia de Deus. Segundo os relatos, São Teotónio era alguém com uma visão ampla e esperançosa, com capacidade para ver muito além do seu tempo e, por isso, de abrir caminhos novos de Evangelho.
Além disso, nutria amizade com diversos ícones da sociedade do seu tempo, como o rei Afonso Henriques, de quem foi diretor espiritual e o grande São Bernardo de Claraval.
Já idoso, novamente o quiseram sagrar bispo. Dessa vez, o convite veio do Papa Anastácio IV, que muito o admirava, mas mais uma vez São Teotónio negou, sendo sua vontade morrer como um simples padre missionário, dedicado apenas à oração.
Faleceu em 1162 e foi canonizado no ano seguinte pelo Papa Alexandre III.
São Teotónio não é apenas um grande santo, mas o primeiro português a chegar à Glória dos altares.
Que a exemplo de São Teotónio, vivamos a nossa missão e vocação, escolhendo sempre o caminho de Cristo, a simplicidade e a fidelidade ao Evangelho. Amém.