Santo António de Lisboa – exímio pregador do Evangelho
Santo António de Lisboa ou de Pádua, como é chamado noutros países, é um dos santos mais conhecidos e amados da Igreja, contudo, poucos conhecem a verdadeira história deste exímio pregador.
Fernando de Bulhões
Nascido a 15 de agosto de 1195 em Lisboa, Fernando de Bulhões (nome de batismo de Santo António) era oriundo de uma família boa e com condições. As biografias não indicam de forma fidedigna o nome dos seus pais, sendo que apenas no século XIV começaram a aparecer vestígios da sua genealogia, relatando que os mesmos poderiam ser Martinho de Bulhões e Maria Teresa Taveira.
Na infância, Fernando estudou com os cónegos da Ordem dos Regrantes de Santo Agostinho na Igreja de Santa Maria Maior, atualmente a Catedral de Lisboa, o que marcou a sua formação intelectual.
Como seria natural começou uma caminhada vocacional e formação religiosa na mesma Congregação, onde se tornou noviço. Um tempo depois pediu transferência para o Mosteiro Agostiniano de Coimbra para continuar os estudos e distanciar-se das distrações causadas pela proximidade do Mosteiro à casa dos seus familiares e amigos que, constantemente, queriam visitá-lo.
Nessa nova fase, Fernando começou a aprofundar ainda mais o estudo das Sagradas Escrituras e dos Padres da Igreja (na maioria, grandes bispos da Igreja Primitiva). Contudo, o mais importante desse tempo em Coimbra foi a chegada a Portugal dos primeiros franciscanos em 1217, que estavam a caminho de Marrocos com a missão de evangelizar.
Um novo nome: António!
O jovem noviço agostiniano ficou encantado pelo carisma franciscano: simplicidade, pobreza, radicalidade evangélica e pregação com o ardor próprio do coração de Francisco.
Algum tempo depois foi ainda tocado pelo facto dos missionários que tinha conhecido terem sido assassinados na missão. Os seus corpos voltaram a Coimbra e foram recebidos com grande clamor pelo povo que os aclamava e honrava como mártires.
Ante estes acontecimentos que tiveram nele um forte impactado vocacional, Fernando pediu para se juntar aos franciscanos, passando a chamar-se António, tendo por onomástico e inspiração Santo António do Deserto (também conhecido como Santo Antão).
Encontro com Francisco
Após juntar-se aos franciscanos, António também quis ir a Marrocos, mas ao chegar, ficou gravemente doente. Foi obrigado a voltar, sentindo-se totalmente frustrado por não ter feito nenhuma pregação, nem ter convertido ninguém e, muito menos, ter sido martirizado como aqueles que o inspiraram.
No regresso uma tempestade desviou o barco para a Sicília, onde ficou até à primavera de 1221. De lá, junto com seus companheiros, foram a Assis, onde participaram no último capítulo dos franciscanos conduzido pelo seu fundador, São Francisco.
Ali se encontraram António e Francisco. Podemos imaginar como foi o encontro entre estes dois grandes homens, homens santos, de escolhas radicais, habitados pelo profundo desejo de Deus e de tornar o nome de Jesus conhecido e amado por todo o mundo, obedecendo ao mandato do próprio Senhor que, antes de sua ascensão, disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15).
Últimos dias de António
A missão deste Santo caracterizou-se pela pregação da Palavra de Deus, sendo famoso pelos seus sermões e milagres (como o dos peixes que saíram da água para ouvirem a sua pregação que havia sido recusada pelo povo).
Dias após a Páscoa de 1231, sentindo que estava próximo o momento do seu retorno à Casa Paterna, pediu para ser conduzido de volta a Pádua. Chegando ao convento das Irmãs Clarissas (de Santa Clara de Assis), morreu. Era o dia 13 de junho daquele ano. Foi sepultado na igreja de Nossa Senhora em Pádua.
Com uma santidade que transbordava através da sua vida, palavras e atitudes, António teve uma das canonizações mais rápidas de toda a história da Igreja. Logo após falecer, o papa criou uma comissão para encaminhar os trabalhos de reconhecimento da sua santidade. A cerimónia de canonização aconteceu no ano seguinte e foi presidida pelo Papa Gregório IX.
Quando houve o processo de trasladação dos seus restos mortais para a Basílica construída em sua honra, o túmulo foi aberto e a sua língua foi encontrada incorrupta. O grande São Boaventura, que estava no local, disse que aquela era a prova de que toda a pregação do santo era inspirada por Deus.
Em 1946, o Papa Pio XII proclamou Santo António como Doutor da Igreja e conferiu-lhe o título de "Doutor Evangélico".
Oração a Santo António
Rezemos ao poderoso Santo António, em especial pedindo pela paz:
Lembrai-vos, ó grande santo António, que o erro, a morte, as calamidades, o demónio, as doenças contagiosas, fogem por vossa intercessão. Por vós, os doentes recobram a saúde, o mar acalma-se, as cadeias dos cativos quebram-se, os estropiados recobram os membros, as coisas perdidas voltam aos seus donos. Os jovens e os velhos que a vós recorrem são sempre ouvidos. Os perigos e as necessidades desaparecem. Cheio de confiança, dirijo-me a Vós. Mostrai hoje o vosso poder e obtende-me a graça que desejo. Amém.