Celebrar a memória dos santos é celebrar um futuro a que todos nós estamos chamados: a glória dos céus e a profunda comunhão com Deus. E celebrar os homens e mulheres do nosso país que chegaram à glória dos altares, é tocar com ainda maior proximidade, a possibilidade da santidade, de viver em profunda comunhão e amizade com Deus.
São Bartolomeu dos Mártires
São Bartolomeu dos Mártires, canonizado em novembro de 2019, nasceu em Lisboa e foi Arcebispo de Braga, onde viveu o seu ministério episcopal voltado especialmente para os mais pobres e enfermos.
Nascido em 1514, Bartolomeu era de uma família simples e humilde e foi também assim que ele próprio foi e viveu até ao fim da vida. Com 14 anos, ingressou na Ordem Dominicana e estudou no studium do Convento de São Domingos em Lisboa.
Apesar de ter entrado muito jovem no convento, apenas em 1542 deu início aos estudos de Teologia. Durante esse período, chamou a atenção dos superiores da congregação e recebeu o grau de Mestre em Teologia em Salamanca.
A 29 de janeiro de 1559, aos 45 anos, foi nomeado bispo. A sua ordenação episcopal aconteceu a 3 de setembro do mesmo ano, no convento de São Domingos em Lisboa e foi presidida por Dom João Soares, OSA.
O santo no concílio
O dedicado frei dominicano participou no Concílio de Trento no século XVI, um dos mais turbulentos da história da Igreja Católica. A sua intervenção foi marcada pela defesa da correção fraterna e da força episcopal. São Bartolomeu, além de ter sido um grande bispo, foi exemplo para tantos outros prelados na forma de agir, na espiritualidade, na vida pastoral e no cuidado com os mais pobres.
A sua participação no Concílio fez com que a admiração por ele crescesse entre os demais padres conciliares, chegando até ao próprio Papa da época. As suas intervenções foram extremamente louváveis e, a partir delas, muitos decretos da reforma foram escritos.
Um homem pastoral
Preocupado com os fiéis e os malefícios causados pela falta de conhecimento que estes tinham em relação à fé cristã, Dom Bartolomeu escreveu um Catecismo dividido em duas partes. A primeira continha catequeses referentes ao Pai-Nosso, ao Credo Apostólico, aos Dez Mandamentos, aos pecados capitais e aos sete sacramentos. A segunda parte era constituída por sermões que os padres deveriam ler aos fiéis nos domingos e dias solenes. Na Arquidiocese de Braga, essa leitura tornou-se obrigatória para todos os que não tinham uma boa formação teológica.
Um homem consciente das necessidades do seu tempo
Falecido em 1590 aos 76 anos de idade, Frei Bartolomeu teve um longo processo de beatificação e canonização. Em 1845 foi declarado venerável pelo Papa Gregório XVI, mas a beatificação veio a acontecer apenas em 2001, aprovada por São João Paulo II. Muitos anos depois, em 2019, foi, então, canonizado.
Dom Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Emérito de Braga, disse na Missa de Ação de Graças pela canonização de São Bartolomeu dos Mártires:
“Olhando para ele, São Bartolomeu dos Mártires, vejo um homem que tomou consciência do momento de crise em que a sociedade vivia e, tomando consciência, não se adaptou à crise, muito pelo contrário, procurou reagir. Reagiu com testemunho de vida, em primeiro lugar, depois também com a sua palavra. Este testemunho de vida e a palavra foram em defesa dos pobres. Procurou ser pobre dando testemunho, não apenas falando da pobreza, mas optou pelos pobres dando grande testemunho de audácia e coragem”.
Muito se tem especulado sobre a possibilidade de São Bartolomeu ser proclamado Doutor da Igreja, dada a grandiosidade das suas obras. Sobre isso, disso Dom Ortiga: “Da minha parte, irei fazer tudo para que possa acontecer efetivamente”. Ainda, segundo o prelado, os escritos de São Bartolomeu “não são ocasionais nem de circunstância, são escritos com uma profundidade e atualidade impressionantes, escritos para ontem, mas também para hoje e para sempre”.
Peçamos juntos a intercessão de São Bartolomeu dos Mártires, para que sejamos humildes e dignos anunciadores da verdade que é Cristo, Nosso Senhor e Salvador.
São Bartolomeu dos Mártires, rogai pelo povo português e por todos os povos!