Com Maria aprendemos a partir para cuidar dos que necessitam
Poucas são as passagens bíblicas onde Maria aparece. Menos ainda são as vezes onde protagoniza uma ação tão emblemática como a da visitação, que acontece após o Arcanjo São Gabriel lhe anunciar que seria a Mãe do Messias, Aquele que ela própria esperava ansiosamente (cf. Lc 1,26-38).
O Anjo Gabriel anunciou ainda uma outra boa nova: Isabel, parente de Maria, que já era idosa e estéril, também estava grávida e já no sexto mês de gestação. "E eis que Isabel, tua parente, também ela concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nenhuma palavra que vem de Deus é impossível" (Lc 1,36-37).
E Maria partiu…
Nesta terceira meditação a propósito da temática da Jornada Mundial da Juventude que acontecerá em agosto deste ano em Lisboa, vemos a atitude de Nossa Senhora que vai além do comodismo, como vimos na meditação anterior, a qual pode ler clicando aqui.
Maria levantou-se e partiu em direção a alguém que precisava de ajuda: "Por aqueles dias, Maria levantou-se, foi apressadamente para a montanha, para uma cidade de Judá" (Lc 1,39-40). Não foi um caminho fácil. Nossa Senhora estava grávida e a viagem era incómoda. Levantou-se de uma situação que poderia dar-lhe comodidade e até envaidecê-la: não era uma mulher comum, mas sim, a mulher escolhida por Deus para ser Mãe digna de Seu Filho.
Apesar da dignidade que lhe foi conferida por tal escolha e preparação prévia (a Imaculada Conceição de Maria, por exemplo), Nossa Senhora não se fechou em si, nas suas necessidades, e partiu.
Partiu para cuidar de Isabel
O coração servidor de Maria, levou-a a um destino: Ain Karin, onde morava Isabel, sua parente que já era idosa e também estava grávida, numa fase já avançada.
Maria parte para ser auxílio, mas também para ser portadora da bênção para Isabel e Zacarias. A presença de Nossa Senhora traz também a presença de Deus. Isabel diz, ao escutar a saudação de Maria: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre! De onde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Eis que, quando chegou a voz da tua saudação aos meus ouvidos, a criança saltou de júbilo no meu ventre" (Lc 1,42-44).
Além do serviço em si, Maria foi para ser consolo. Apesar da alegria, existiam muitas dúvidas no coração do casal de anciãos e a presença fiel e “cheia de graça” de Maria foi resposta amorosa do próprio Deus que mais uma vez demonstrava amor e misericórdia por eles.
Partir com e como Maria
Não podemos olhar para tudo o que Maria fez sem sermos motivados a fazer o mesmo: partir para sermos auxílio dos que mais necessitam.
Nossa Senhora naquela ocasião partiu ao encontro de uma conhecida, uma parente, mas com certeza, ao ver um necessitado, colocava-se também à sua disposição, pois, a sua capacidade de servir impedi-a de ficar indiferente ante o sofrimento dos outros.
Hoje, em especial neste tempo quaresmal, somos convidados a partir e viver cada uma das Obras de Misericórdia, seja ela corporal ou espiritual. Através de gestos concretos de caridade, bondade e amor, também nós saímos do nosso comodismo para irmos ao encontro dos que mais necessitam: famintos, sedentos, desnudos, presos, ignorantes, tristes, cabisbaixos, abandonados, enfermos ou qualquer outro que precise de um cuidado, por menor que seja.
Peçamos a Jesus, por intermédio de Maria, nossa Mãe e Senhora, para que tenhamos o coração sensível ao outro e disponível para partirmos, sem medo, para sermos extensão do amor misericordioso do Pai para os que, no desespero do tempo presente, se esquecem que existe um Deus para quem nada é impossível. Amén.