Que impacto teve o filme "A Paixão de Cristo" na vida dos seus atores?
Lançado em 2004, o filme "A Paixão de Cristo", dirigido pelo famoso ator Mel Gibson, mudou a forma como muitos cristãos imaginavam a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os 126 minutos de filme retratam os momentos finais da vida terrena de Jesus. As cenas passam pela Última Ceia, a profunda angústia no Jardim das Oliveiras, a prisão, o julgamento, os maus tratos, a crucificação, a morte e a ressurreição.
Quem já viu o filme sabe que é um filme forte. Nem todos conseguem assistir a todas as cenas sem desviar o olhar, principalmente nas mais violentas onde Jesus é chicoteado ou no momento em que é crucificado.
Se para nós, espectadores, o filme é impactante, mais o foi para os seus atores. É isso que veremos neste texto.
O testemunho de Barrabás
Uma das passagens que nos incomoda, seja no texto bíblico ou no filme, é o momento em que o povo prefere que seja libertado Barrabás em detrimento de Jesus.
O impacto dessa cena foi grande na vida de Pietro Sarubbi, que interpretou o papel de Barrabás.
Este ator tendo passado por uma sequência de trabalhos inexpressivos e com um grande sentimento de fracasso, foi convidado para atuar em “A Paixão de Cristo”. Desejava fazer o papel de Pedro, visto que o vencimento seria melhor, dada a complexidade e importância da personagem. Ficou mais uma vez dececionado ao receber o papel de Barrabás, personagem bastante secundária e odiada por muitos. Ainda assim, aceitou e estando afastado da Igreja, fez uma verdadeira experiência de conversão ao Cristo que o olhava profundamente, como ele mesmo relata ao falar sobre as gravações:
“Foi um grande impacto. Senti uma corrente elétrica entre nós. Via o próprio Jesus. Quando me olhou nos olhos, os olhos de Jesus não tinham ódio nem ressentimento. Só misericórdia e amor”, afirmou, ao ser tocado por aquele momento que, para ele, significou muito mais que uma encenação.
Em 2011, passado já bastante tempo após o lançamento do filme, Pietro Sarubbi lançou um livro chamado "De Barrabás a Jesus: convertido por um olhar". Nele, numa interpretação pessoal do que foi vivido, o ator expressa: “Barrabás é o homem a quem Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade”.
Jesus arruinou a carreira de Jim Caviezel
Outro ator que testemunha as consequências de ter participado em “A Paixão de Cristo” é Jim Caviezel, que interpretou a figura de Jesus.
Relatando uma conversa que teve com o diretor, Mel Gibson, conta: "Disse-me: ´Você nunca mais voltará a trabalhar nesta cidade (Hollywood) e eu respondi: "Mel, esta é a minha fé, é aquilo em que eu acredito. Todos nós temos uma cruz e eu tenho que carregar a minha própria cruz. Se não carregamos as nossas cruzes, seremos esmagados sob o seu peso. Vamos em frente. Jesus é tão polémico hoje como sempre foi. As coisas não mudaram muito em dois mil anos".
Sobre a sua atuação tão elogiada, em especial nos momentos finais e mais impactantes do filme e da história de Jesus, Jim diz: "Isso é o que eu queria mais do que tudo, provocar nas pessoas um efeito visceral para finalmente decidirem se deveriam segui-lo ou não".
Conta ainda o ator que viver Jesus na grande tela foi uma oportunidade para voltar a Deus e ver nas coincidências, uma providência. Quando o filme foi gravado tinha 33 anos, tal como Jesus quando foi crucificado e as suas iniciais, JC, são as mesmas de Jesus Cristo. "Esta experiência atirou-me para os braços de Deus", recordou.
Depois de “A Paixão de Cristo”, Jim Caviezel deu vida ao evangelista São Lucas no filme “Paulo, apóstolo de Cristo”, o qual também teve muito sucesso.