A amizade: uma via de santidade possível para todos

A amizade: uma via de santidade possível para todos

A amizade: uma via de santidade possível para todos

No passado dia 20 de julho celebrámos o Dia Internacional do Amigo. É uma grande alegria viver com a certeza de que existe alguém em quem podemos confiar e descansar.

Muitos conceitos estão banalizados, tais como o amor, a fé, a religião. Não é diferente com a amizade. Hoje, muita gente chama amigo a alguém que conheceu há alguns minutos atrás e sabemos que não é assim. O verdadeiro amigo é provado nos momentos de dor, assim como o ouro é provado no fogo.

Amizade: uma via de santidade

A amizade é também uma via de santidade possível para todos.

O próprio Jesus teve os seus amigos e com eles partilhou momentos de alegria e dor, de milagres e de perseguição, de risos e de lágrimas. Eram muitas as pessoas que viviam ao redor de Jesus, mas ele tinha aqueles que lhe eram mais próximos.

Vemos, por exemplo, como Jesus, com frequência, chamava para o acompanhar, Pedro, Tiago e João. Dentre os doze apóstolos, esses três vivenciaram coisas grandiosas como a Transfiguração no Monte Tabor, a ressurreição da filha de Jairo e a agonia no Horto das Oliveiras.

Mas de forma especial, contemplamos a amizade na vida de Jesus na sua relação com os três amigos que moravam em Betânia: Lázaro, Maria e Marta. Jesus ia à sua casa para descansar, para amar e ser amado. É no contexto dessa amizade que vemos uma das cenas mais bonitas das Sagradas Escrituras: a Ressurreição de Lázaro.

Jesus comove-se com a morte do seu amigo e chora pela sua partida repentina (cf João 11,35). A ressurreição de Lázaro não é um facto qualquer. Jesus nutria um grande amor por aquele amigo e mais tarde, diria que “ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (João 15, 13).

Santos amigos

Além de Jesus, alguns santos seguiram os seus passos ao nutrir boas, verdadeiras e santas amizades.

Assim foi São Francisco e Santa Clara de Assis. Aqueles que haviam escolhido abraçar a pobreza para reconstruir a Igreja de Cristo viam também um no outro, um bom exemplo para o seguimento de Nosso Senhor. Lemos no livro "Vida de São Francisco de Assis" de Omer Englebert: Nunca existiu união mais íntima e harmoniosa do que entre Santa Clara e São Francisco; nunca duas almas estiveram tão de acordo na sua maneira de apreciar as coisas da terra e do céu. Por vezes pergunta-se qual dos dois imita o outro; tanto se parecem os seus traços e os seus reflexos que tal semelhança parece resultar de uma espécie de consanguinidade espiritual. O ideal do Pobrezinho conservou-se sempre puro naquele coração filial que guardava inalterável o depósito das suas mais belas inspirações e, qual límpido espelho, refletia a sua mais fiel imagem. Por isso, nas horas de desalento e de trevas, veremos Francisco regressar aos humildes muros de São Damião, berço da sua vocação, para buscar junto à sua filha espiritual o consolo e a confiança de que necessita

Podemos também contemplar essa grande graça da amizade na vida das Santas Perpétua e Felicidade. Perpétua pertencia a uma família rica e Felicidade era sua escrava. Humanamente pareceria impossível a amizade entre estas duas mulheres, contudo ambas foram presas por professarem a fé em Jesus Cristo. Juntas, viveram, mesmo presas, o dom da maternidade e da caridade. Comungaram antes de serem decapitadas.

Uma amizade mais atual foi a de São João Paulo II e a Madre Teresa de Calcutá. O que começou com encontros formais, terminou como uma amizade santa e frutuosa. Em 1986 João Paulo II visitou a sua amiga nos bairros pobres de Calcutá. Ela subiu para o papamóvel, beijou o anel do Santo Padre e este deu-lhe um beijo na testa, como era costume entre eles. Naquele local de muita pobreza e sofrimento, João Paulo II comovia-se pelo amor que via e sentia na atitude de cada irmã da Congregação da Madre Teresa. Sobre aquela ocasião, a santa de Calcutá disse ser o "dia mais feliz" da sua vida.

João Paulo II pôde também beatificar a sua amiga, da qual tinha palpado a santidade. Disse: “Veneremos esta pequena mulher apaixonada por Deus, humilde mensageira do Evangelho e infatigável benfeitora da humanidade. Honremos nela uma das personalidades mais relevantes da nossa época. Acolhamos a sua mensagem e sigamos o seu exemplo”.

Peçamos a Deus a graça de termos e sermos bons e santos amigos!

Quarta, 26 de Julho de 2023