JMJ Lisboa 2023: Um olhar amplo sobre voluntariado e peregrinação
Há quatro anos atrás, corria o ano de 2019, começou no nosso país a preparação para a JMJ Lisboa 2022. Como coordenador do GJA - Grupo de Jovens da Arrentela fui nomeado pelo nosso administrador paroquial, Pe. Pedro Cerantola, coordenador do Comité Organizador Paroquial (COP) da JMJ Lisboa 2022 na minha paróquia de Arrentela, Seixal. Formaram-se também o Comité Organizador Diocesano (COD) e, a partir da já existente Equipa Vicarial da Pastoral Juvenil da Vigararia do Seixal (EVIPAJIL), o Comité Organizador Vicarial (COV) do Seixal, do qual também fiz parte.
Mal sabia eu o que estava para vir! A tarefa parecia relativamente simples: acolher peregrinos. Quantos? Ninguém sabia - todos os que pudéssemos acolher. Entretanto, uma pandemia global alterou os planos e a JMJ Lisboa 2022 passou a JMJ Lisboa 2023. A preparação nem por isso parou: foram muitas as reuniões a nível paroquial, vicarial, diocesano, local... Tudo para acolher da melhor forma todos aqueles que viriam até nós para vivenciar a JMJ Lisboa 2023.
Há que admitir que não foram tempos fáceis, mas quem disse que ia ser fácil ajudar a organizar o maior evento de sempre no nosso país? Inúmeras visitas a espaços, com igual número de imprevistos, colaboração com a Câmara Municipal do Seixal – agradecimento especial à coordenadora do COV Seixal, Catarina Poeiras, que sem o seu esforço nada disto teria sido possível –, com a Proteção Civil, a Unidade de Saúde Pública, as direções das escolas, receção e armazenamento de milhares de produtos alimentares para pequenos almoços e kits de peregrinos que chegaram apenas alguns dias antes dos peregrinos chegarem – mesmo a tempo. Acho que só a narração do modo como vivi o dia 28 de julho de 2023 (sexta-feira) dava um artigo!
Se existiram falhas? Claro que sim, era impossível não as haver. Mas tudo se desvanece quando chega o primeiro grupo de peregrinos. Um código de grupo que se transforma em rostos de irmãos em Cristo à nossa frente, que confiaram cegamente em nós para os acolhermos durante uma semana nesta sua peregrinação até Lisboa.
Houve um grupo de peregrinos que se tornou especial. Tal como com todos os grupos, enviei um e-mail de boas-vindas, a indicar o espaço onde ficariam alojados, ao qual não obtive resposta. Estava indicado que chegariam no domingo, 30 de julho de 2023 e não chegaram.... Fiquei intrigado! Ter-se-ia passado alguma coisa? Responderam, então, a um formulário online que pedi que preenchessem a dizer que chegariam no dia seguinte, segunda-feira, pelas 22h (hora de Lisboa). Passaram as 22h, as 23h, meia-noite... Após o dia mais longo de check-ins, chego a casa às 00h50, estou preparado para me deitar, quando recebo um email e montes de chamadas no Instagram do GJA: "André, estamos aqui à porta da igreja!".
Pensei para mim: isto é a Jornada Mundial da Juventude – acolher um irmão na hora que menos esperamos. Neste caso, vinte irmãos brasileiros que já se estavam a preparar para pernoitar no adro da Igreja de N. S. de Fátima, Torre da Marinha. Os seus rostos de alegria quando me viram chegar valeu tudo.
Com um grupo de voluntários com idades entre os 16 e os 60+ anos, rumámos a Lisboa para estar com o nosso Papa Francisco na Colina do Encontro e no Campo da Graça. E que graça foi, que sentimento de gratidão encontrar o nosso Papa e ouvir as suas palavras que nunca mais deixarão de ecoar no coração de cada um: "todos, todos, todos..."; "...para ajudar a levantá-la"; "não tenhais medo"; "surfistas do amor". Só uma parte deste grupo de voluntários fez a experiência completa da JMJ Lisboa 2023, outros tantos ficaram em "casa" a garantir que tudo corria bem. Mais de 60 voluntários paroquiais e informais que fizeram a JMJ Lisboa 2023 acontecer na Paróquia de Arrentela, diariamente, ao longo de mais de uma semana, a servir pequenos-almoços, limpar espaços de acolhimento, acompanhar doentes ao hospital ou ao centro de saúde. Obrigado a todos vocês, obrigado por se terem colocado ao Seu serviço.
Tudo valeu a pena. Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que foi muito o calor que passámos naqueles dias, mas maior foi o calor que sentimos naquela noite de Vigília, em que mais de um milhão de pessoas se silenciou perante Aquele que guia a nossa vida e que mora nos nossos corações.
André Joaquim, coordenador do COP Arrentela da JMJ Lisboa 2023