800 anos de uma devoção especial: o presépio de São Francisco!

Um dos momentos mais especiais para as famílias católicas e também para as comunidades neste tempo do Natal é, sem dúvida, a montagem dos presépios que representam o nascimento de Jesus.

Existem vários modelos... dos mais simples aos mais elaborados, dos menores aos maiores, dos que têm poucas figuras até aos napolitanos que mostram todo o cenário daquela noite auspiciosa do nascimento do Senhor.

Mas não é de agora, nem de há poucas décadas, que esta tradição tem conquistado o coração dos católicos. 

O presépio de São Francisco de Assis

Foi em 1223, há 800 anos, que São Francisco, procurando uma forma de transmitir a mensagem do Natal de uma maneira mais palpável e acessível, organizou uma representação viva da cena do nascimento de Jesus em Greccio, uma pequena cidade italiana. Ele montou um presépio ao ar livre, completo com uma manjedoura, animais e pessoas a representar Maria, José, o Menino Jesus e os pastores. Esta representação visual e teatral visava tornar a história do nascimento de Cristo mais próxima e compreensível para todos, independentemente da sua educação ou estatuto social.

"Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incómodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro", terá dito São Francisco de Assis, conforme relatado por Tomás de Celano (Vita Prima, 85: Fontes Franciscanas, 468).

A ideia de São Francisco de usar uma representação visual do Natal espalhou-se rapidamente, ganhando popularidade por toda a Europa. Os presépios começaram a ser montados em igrejas, casas e comunidades, tornando-se uma tradição acarinhada durante a época natalícia. O escritor Tomás de Celano, principal biógrafo de São Francisco relata que “todos voltaram para as suas casas cheios de uma inefável alegria” após contemplarem aquele presépio vivo.

A importância do presépio

Há alguns anos, o Papa Francisco escreveu a Carta Apostólica “Admirabile Signum” que fala precisamente sobre o presépio como um símbolo admirável do amor de Deus e do Seu plano de Salvação.

Num dos parágrafos, encontramos este belo convite do Sumo Pontífice para não nos preocuparmos com a forma do presépio, mas sim com o seu significado para nós, para que seja um lembrete de Deus. “Não é importante a forma como se arma o Presépio; pode ser sempre igual ou modificá-la cada ano. O que conta, é que fale à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre”, exortou Francisco.

Neste ano comemorativo, ecoa ainda outro excerto da Carta, onde o Papa fala sobre São Francisco de Assis: "Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso 'obrigado' a Deus, que tudo quis partilhar connosco para nunca nos deixar sozinhos".

Indulgência Plenária

Por ocasião dos 800 anos do presépio de Greccio, o Papa Francisco, por intermédio da Penitenciária Apostólica, concedeu a possibilidade de indulgência plenária nas igrejas e casas franciscanas.

Esta grande graça começou a ser outorgada no dia 8 de Dezembro de 2023 (Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria) e poderá ser recebida até 2 de Fevereiro de 2024 (Festa da Apresentação do Senhor).

Para receber a indulgência, o fiel deve ir a uma igreja ou casa religiosa franciscana e ali, perante um presépio, realizar um momento de oração. Além disso, deve seguir as já conhecidas 'condições':

• Estar em estado de graça ou confessar-se;
• Comungar na Santa Missa;
• Rezar pelas intenções do Papa Francisco.

Estas condições podem ser cumpridas algum tempo antes ou depois — cerca de 20 dias — da visita à igreja e ao presépio.

E neste Natal, já montou o presépio em sua casa? Mantenha viva esta tradição na sua família!