A postura do adorador

A postura do adorador

A postura do adorador

No diálogo com a mulher samaritana, Jesus afirma que é necessário “adorar em espírito e em verdade” (Jo 4, 24), como já observámos num artigo anterior, e isso reflecte sobre a postura do adorador. 

Não é somente a postura corporal em si, mas, sobretudo e mais importante, a postura do coração, da alma, onde Deus reside e actua.

"O tempo passado diante do Sacrário é o tempo mais bem empregado da minha vida", dizia Santa Catarina de Génova, por isso, devemos valorizar cada momento diante do Senhor.

A postura do adorador

A postura dos que adoram a Deus é frequentemente caracterizada por uma profunda reverência e humildade. Sem estas duas qualidades, dificilmente se adora em ‘espírito e verdade’.

A reverência do corpo e da alma perante Deus faz-nos lembrar que não estamos perante um alguém qualquer. Se existe decoro perante um político, um polícia ou qualquer outra autoridade, o que se espera perante o Rei dos reis?

Perante o Senhor, quer esteja presente na Eucaristia ou na nossa oração mental, onde quer que estejamos, espera-se o máximo de decoro e, ao mesmo tempo, o máximo de simplicidade. Estou diante de um Deus Imenso que, por amor, permite que o alcancemos na forma do pão e do vinho, que se tornou pequeno descendo à nossa condição para nos visitar e salvar.

A humildade prepara o nosso coração e a nossa alma para um grande encontro. Colocamo-nos humildemente perante Aquele que, mais do que as inúmeras graças, deseja dar-Se a si mesmo a nós. Como Maria, estamos prontos para ouvi-Lo, adorá-Lo, obedecê-Lo e proclamá-Lo como o nosso único Senhor e Salvador.

Coração preparado

Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Doutora da Igreja, faz uma profunda meditação sobre a comunhão eucarística, momento em que o Senhor nos nutre com a sua presença nas espécies do pão e do vinho. “Não é para ficar numa âmbula de ouro, que Jesus desce cada dia do céu, mas para encontrar um outro céu, o da nossa alma, onde ele encontra as suas delícias”.

Esta citação da santa do 'pequeno caminho' recorda-nos outra postura que todo adorador deve ter: a pureza do coração!

A adoração deve tornar-nos cada vez mais participantes da santidade de Deus. É impossível adorarmos a Deus sem nos tornarmos progressivamente mais ‘semelhantes’ a Ele.

Assim, a Adoração também prepara e convence o nosso coração de que é necessário viver a santidade, o desejo da perfeição, aquela mesma à qual o Senhor nos chamou, dizendo: "Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48).

Deste modo, ao comungarmos o Corpo e o Sangue do Senhor, damos Lhe, como disse Santa Teresa, a oportunidade de encontrar outro céu no nosso coração.

A confissão sacramental é este instrumento de misericórdia que elimina da nossa alma, a partir do reconhecimento dos nossos pecados e do arrependimento total, toda e qualquer incoerência com a fé que professamos e com as virtudes do Deus que adoramos.

O auxílio do Anjo da Guarda

São Pedro Julião Eymard, grande apóstolo da Eucaristia, fala da adoração como um dos motivos para que a Igreja permaneça de pé: “Jesus, portanto, está connosco e, enquanto houver um adorador sequer, Ele aí estará para protegê-lo. Eis aqui o segredo da longevidade da Igreja!”.

O santo ainda nos exorta e ensina sobre a necessidade de pedirmos a ajuda do nosso Anjo da Guarda quando nos faltarem virtudes para adorarmos o Senhor com a dignidade que Ele merece. “Na impossibilidade de amar Jesus Sacramentado como Ele merece, invocai o socorro do Anjo da Guarda, fiel companheiro de vossa vida. Ser-lhe-á tão agradável fazer, desde já convosco, o que deverá fazer, eternamente, na glória”, ensina São Pedro Julião.

Peçamos a Deus a graça de termos um coração sempre submisso, reverente, humilde e puro para O adorarmos como Ele merece. Que Maria Santíssima eduque os nossos corações para a verdadeira adoração.
 

Quinta, 11 de Janeiro de 2024