Santidade na dor: A Doença como Caminho para Deus
No dia 11 de Fevereiro, dia da Virgem Santa Maria de Lourdes, celebramos o Dia Mundial do Doente, uma data especial para relembrarmos aqueles que sofrem de alguma doença e para dar-lhes visibilidade, de forma a chamar a atenção para o cuidado integral destes nossos irmãos e irmãs. Além disso, esta data pretende celebrar a dedicação e valorização dos profissionais de saúde.
Ressignificar a Doença
Santo Afonso Maria de Ligório, um grande santo e Doutor da Igreja, ajuda-nos a reflectir sobre como as doenças podem ser um caminho para vivermos a vontade de Deus, que é sempre boa, perfeita e agradável.
“As enfermidades são a pedra de toque para se conhecer o espírito de uma pessoa”, recorda Santo Afonso. “Meu irmão, quando o Senhor te visita com esta tribulação, sem dúvida é-te lícito rogar-lhe que te restitua a saúde, a fim de a empregar ao seu serviço: podes também tomar os remédios prescritos; mas, no final, resigna-te sempre à vontade divina, que dispõe tudo para o nosso bem. Para te animar à paciência, lembra-te do que sofreram os santos. Olha sobretudo para Jesus, que durante toda a sua vida foi Homem de dores, e sê devoto de Maria Santíssima, a Rainha dos mártires”, reflectiu sobre os sofrimentos que acompanham os doentes.
Contudo, é claro que não é fácil olhar para a cruz da doença e querer abraçá-la como se não fosse causa e fonte de sofrimento. Pelo contrário, é um acto heróico da parte de quem, estando doente, deseja reinterpretar a dor, a doença e o sofrimento.
São Francisco de Sales, também Doutor da Igreja, recorda-nos o valor do sofrimento bem vivido e oferecido como um sacrifício agradável ao Senhor. “Não vos enganeis; serve-se melhor a Deus pelo sofrimento do que pelo trabalho. Um dia de sofrimento, aceito com resignação, vale mais do que um mês inteiro de grandes trabalhos. Numa palavra, se soubéssemos o merecimento que se encontra no sofrer pelo amor de Deus, as tribulações da vida presente ser-nos-iam mais caras, do que um pedaço do lenho da cruz, na qual Jesus Cristo morreu por nós”, exorta-nos o santo fundador dos Redentoristas.
Santidade e Doença
Muitos santos e beatos católicos viveram a doença como caminho de santidade. Viram, através da humilhação, da dependência dos outros e das lutas diárias, que era possível oferecer cada dor, cada lágrima, cada medicamento, em louvor a Deus, pela santificação do clero, pela conversão dos pecadores e pela Igreja. Muitos, inclusive, através da dor, viram as suas famílias restauradas, transformadas e unidas.
São Josemaria Escrivá, o conhecido 'santo do quotidiano', dá-nos uma indicação importante: "Quando estiveres doente, oferece com amor os teus sofrimentos, e eles se converterão em incenso que se eleva em honra de Deus e que te santifica".
Assim, podemos observar o testemunho de tantos santos e beatos que, na aflição da doença, encontraram a vontade de Deus e uma maneira de fazer o bem, oferecendo tudo como incenso agradável ao Senhor.
"Eu ofereço todo o sofrimento que hei de ter pelo Senhor, pelo Papa e pela Igreja", disse o jovem Beato Carlo Acutis, que morreu aos 15 anos devido a uma leucemia aguda.
“Então na dor nós devemos ver não um elemento para amaldiçoar, mas algo benéfico que dá tempera a alma e a afina para as lutas inevitáveis da vida, lembra-nos que não nascemos somente para o prazer e aproxima-nos do dever o qual é fácil esquecer quando se vive no gozo e na alegria”, meditou Santa Gianna Beretta Molla, uma santa médica que deu a vida para que a sua filha nascesse.
“Jesus mandou-me esta doença no momento certo. Mandou para que eu O encontrasse”, reflectiu a Beata Chiara Luce Badano, uma jovem membro do Movimento dos Focolares que, acometida por um cancro, viu ali a oportunidade de viver um encontro com Deus.
“Não, o meu filho é o meu filho, e eu, mesmo que morra, vou ter o meu filho”, disse a Serva de Deus Chiara Corbella, uma jovem italiana que foi acometida por uma doença e teve de escolher entre tratar-se e dar à luz o seu pequeno filho.
Peçamos a Deus, pela intercessão destes santos e santas de Deus, a cura do corpo e da alma e, mais do que isso, uma completa resignação à Sua bondade, que é sempre melhor do que a nossa.
São Camilo de Lellis
“Os doentes revelam-nos o rosto de Deus”, dizia São Camilo de Lellis, padroeiro dos doentes, a quem rezamos por todos aqueles que têm sofrido com doenças do corpo e da alma.
Glorioso São Camilo, volvei um olhar de misericórdia sobre os que sofrem e sobre os que os assistem. Concedei aos doentes aceitação cristã, confiança na bondade e no poder de Deus. Dai aos que cuidam dos doentes dedicação generosa e cheia de amor. Ajudai-me a entender o mistério do sofrimento, como meio de redenção e caminho para Deus. Vossa protecção conforte os doentes e familiares, e os encoraje na vivência do amor. Abençoai os que se dedicam aos enfermos, e que o bom Deus conceda paz e esperança a todos. Ámen.