De Conselheiro Real a Mártir: A História de São Thomas More
Também conhecido como "o homem que não vendeu a sua alma" ou ainda "o santo do bom humor", São Thomas More pode ser para nós, um grande exemplo no seguimento de Jesus Cristo, da vivência das virtudes e da santidade vivida além das quatro paredes da Igreja.
Considerado padroeiro dos políticos, podemos hoje pedir a intercessão deste grande santo, para que a política seja um instrumento de cuidado com os mais pobres e de louvor a Deus a partir da defesa dos direitos pela vida, pela família e pela liberdade de culto.
A história de São Thomas More
Thomas nasceu em 1478, em Londres, e desde jovem demonstrou um talento notável para os estudos. Ele frequentou a Universidade de Oxford, onde se destacou em literatura clássica e filosofia. A sua educação rigorosa e ampla preparou-o para uma carreira de sucesso no serviço público. No entanto, além da sua competência profissional, ele manteve sempre uma vivência católica, sendo fortemente influenciado pelo evangelho e pela vida dos santos.
A sua carreira política começou a ganhar destaque quando se tornou membro do Parlamento inglês e, posteriormente, um dos conselheiros mais próximos do rei Henrique VIII. Durante o seu tempo como conselheiro real, More foi nomeado Chanceler em 1529, sendo o primeiro leigo a ocupar esse cargo de imensa responsabilidade. O seu papel principal era servir como chefe do sistema judicial inglês, e ele destacou-se pela integridade e pelo compromisso com a justiça.
A relação de Thomas More com Henrique VIII, no entanto, foi severamente testada pela questão do divórcio real. O rei desejava anular o seu casamento com Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena, esperando obter um herdeiro masculino que assegurasse a continuidade. Quando o Papa Clemente VII se recusou a conceder a nulidade, Henrique VIII decidiu romper com a Igreja Católica, proclamando-se chefe da Igreja de Inglaterra, o que Thomas não aceitou, claro.
O santo acreditava firmemente na autoridade do Papa e na indissolubilidade do sacramento do matrimónio. A sua consciência não permitia que ele aceitasse o Acto de Supremacia, que declarava o rei como líder supremo da Igreja em Inglaterra, nem o Acto de Sucessão, que legitimava o novo casamento de Henrique VIII. Ele, então, renunciou ao cargo em 1532, retirando-se da vida pública, mas a sua posição não passou despercebida.
O martírio de Thomas More
Em 1534, Thomas More foi preso e acusado de alta traição por se recusar a jurar lealdade ao Rei. Durante o seu julgamento, ele defendeu vigorosamente a sua posição, argumentando que a sua lealdade a Deus e à Igreja não poderia ser comprometida por lealdade terrena ao rei. Deus estava acima de tudo!
Thomas More foi condenado à morte e executado a 6 de Julho de 1535, sendo decapitado na Torre de Londres. A sua morte foi um choque para muitos, mas também serviu como um poderoso testemunho de fé e coragem. A história conta que ele teria dito, com bom humor, ao seu carrasco: "Ânimo, rapaz! Não tenhas medo de cumprir o teu dever. O meu pescoço é muito curto. Cuida, pois de não o cortar de lado, para que não fique abalado o teu prestígio”.
O bom humor
No recente encontro com dezenas de humoristas de todo o mundo, o Papa Francisco recomendou que rezassem sempre a "Oração do Bom Humor" composta por São Thomas More, pois mesmo diante do seu algoz, permaneceu grato pela vida e inabalável na fé que sempre professou.
Hoje todos nós podemos fazer esta mesma oração, pedindo a Deus que nos mantenha sempre alegres, mesmo diante das intempéries da vida quotidiana.
Oremos:
Senhor, dai-me uma boa digestão,
mas também algo para digerir.
Dai-me a saúde do corpo,
com o bom humor necessário para mantê-la.
Dai-me, Senhor, uma alma santa,
que saiba aproveitar tudo o que é bom e puro,
e não se assuste diante do pecado,
mas encontre o modo de colocar de novo as coisas em ordem.
Dai-me uma alma que não conheça o tédio,
as murmurações, suspiros e lamentos,
e não permitais que sofra excessivamente
por essa realidade tão dominadora que se chama “Eu”.
Dai-me, Senhor, senso de humor!
Dai-me a graça de entender as piadas,
para que conheça na vida um pouco de alegria
e possa comunicá-la aos outros.
Assim seja.
São Thomas More, rogai por nós!