Dos Horrores de Auschwitz à Padroeira da Europa:
O Testemunho de Edith Stein

Dos Horrores de Auschwitz à Padroeira da Europa:
O Testemunho de Edith Stein

Dos Horrores de Auschwitz à Padroeira da Europa:
O Testemunho de Edith Stein

“Quem procura a verdade procura Deus, ainda que não o saiba” (Santa Teresa Benedita da Cruz).

Edith Stein, ou Santa Teresa Benedita da Cruz, é uma grande figura que nos inspira à vida de santidade e sacrifício por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, seja pela sua transformação interior ou pela sua entrega corajosa que chega a constranger-nos.

A vida de Edith Stein

Edith nasceu na Alemanha a 12 de Outubro de 1891 numa família abastada de judeus. Sempre gostou muito de estudar, o que a levou a crescer muito intelectualmente.

Isso não impediu que, na adolescência, tempo da vida que, geralmente, é acompanhado pela revolta, ela abandonasse a escola, fugisse da prática religiosa e, principalmente, deixasse de acreditar em Deus. Mais tarde, porém, retomou os estudos, foi à universidade e licenciou-se em filosofia, na qual também se tornou doutora. No início, a procura da "verdade" fê-la tornar-se ateia, descrente e, talvez, infeliz.

A conversão ao catolicismo

Mas houve um facto que colaborou para que ela se encontrasse com a Verdade que não é um sentimento, mas uma Pessoa: conheceu Santa Teresa de Jesus (ou de Ávila) através da sua autobiografia, o Livro da Vida. A santa carmelita e doutora da Igreja inspirou-a no caminho trilhado até à sua conversão total a Jesus e à Igreja Católica Apostólica Romana. Os Doutores da Igreja e filósofos/teólogos Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram também peças fundamentais no amadurecimento da fé da santa.

Em 1922, aos 30 anos, Edith Stein foi baptizada na Igreja Católica.

Essa conversão não foi aceite pela família de Edith, mas ela seguiu firme na sua escolha pela Igreja de Cristo, inclusive, entrando para a vida religiosa, tornando-se Carmelita e assumindo como nome "Teresa Benedita da Cruz", o que se reflectiria, mais tarde, na sua “Paixão” e Martírio.

Edith Stein viveu num período turbulento da história europeia. O crescimento do nazismo na Alemanha e a subsequente perseguição aos judeus moldaram profundamente o seu destino. A sua dupla identidade como judia convertida ao catolicismo colocou-a numa posição única para testemunhar contra as atrocidades do regime nazi.

A formação filosófica de Edith Stein teve um impacto significativo na sua vida espiritual e no seu legado. Ela conseguiu unir de forma brilhante a fenomenologia moderna com a filosofia escolástica, contribuindo assim para o enriquecimento do pensamento católico do século XX. A sua obra Ser Finito e Ser Eterno é considerada uma das suas contribuições mais importantes para a filosofia católica.

Ela abraçou a Cruz!

Teresa Benedita da Cruz não tirou os olhos de Jesus. Ela manteve o olhar fixo no seu Senhor, o que a impulsionou a não fugir da dor e dos sofrimentos próprios do martírio.

A religiosa deixou expressa a sua vontade de dar-se em sacrifício de amor junto aos perseguidos pelo nazismo. "Sacrifício de expiação pela verdadeira paz e pela derrota do reino do Anticristo", foi o desejo deixado por escrito por Teresa.

Antes da sua ida para o campo de concentração, a santa já havia dito, como registado nas suas Obras Completas (Vol. I): "O mundo está em chamas: a luta entre Cristo e o anticristo deteriorou-se abertamente. Por isso, se optares por Cristo, poderia exigir de ti até o sacrifício da própria vida”. E assim se fez.

Depois da invasão dos nazis na Holanda, Teresa foi presa com mais de 200 cristãos, como resposta aos bispos daquele país que, como católicos fiéis, se colocaram contra as perseguições. Foi levada para Auschwitz, onde não parou no sofrimento, mas serviu principalmente cuidando das crianças presas e anunciando o Evangelho de Cristo aos encarcerados.

A sua irmã Rosa também foi enviada para o campo de concentração. No momento da morte chamou Teresa, com coragem, dizendo: "Vem, vamos pelo nosso povo".

Santa Teresa Benedita da Cruz abraçou a Cruz de Cristo e a cruz do seu povo, dando um sim definitivo, tanto na vida religiosa como no martírio. Ela uniu-se ao seu Divino Esposo num matrimónio além da vida terrena, indo à vida eterna!

O testemunho de fé e o martírio de Teresa Benedita da Cruz não passaram despercebidos à Igreja. Em 1987, foi beatificada pelo Papa João Paulo II. Onze anos depois, em 1998, o mesmo Papa canonizou-a, reconhecendo oficialmente a sua santidade e o seu exemplo de fé inabalável face à perseguição.

Padroeira da Europa

Foi proclamada co-padroeira da Europa e, sobre isso, disse São João Paulo II: “Proclamar Santa Edith Stein co-padroeira da Europa significa cravar no horizonte do Velho Continente um estandarte de respeito, tolerância, aceitação".

Já o Papa Francisco apresentou a santa mártir da seguinte forma: "Mártir, mulher de coerência, mulher que busca Deus com honestidade, com amor e mulher mártir do seu povo judeu e cristão (...) Uma mulher corajosa que pode dizer muito ao mundo de hoje".

Que S. Teresa interceda por nós e nos ajude a, na busca da verdade, encontrarmo-nos com Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida: Jesus Cristo, Nosso Senhor!

Santa Teresa Benedita da Cruz, rogai por nós!

Quinta, 8 de Agosto de 2024