A descoberta de Simão e Judas: Tesouros ocultos da Tradição Apostólica

Se alguém lhe perguntar sobre os doze apóstolos, certamente lembrar-se-á primeiramente de João, o apóstolo amado; de Pedro, o Príncipe dos Apóstolos e primeiro Papa; de André, irmão de Pedro e um dos primeiros a serem chamados; ou até mesmo de Mateus, o cobrador de impostos que se tornou evangelista e mártir.

Algumas figuras que não aparecem tanto nos evangelhos ou até mesmo nos Actos dos Apóstolos acabam por passar despercebidas para os católicos, principalmente quando não se têm tantas e tão fáceis referências sobre eles. Dentre esses, podemos destacar, neste dia, os santos apóstolos e mártires que hoje celebramos: São Simão e São Judas Tadeu.

São Simão

São Simão, talvez, seja o mais desconhecido. Poucas são as suas referências nas Sagradas Escrituras, o que faz com que ele passe despercebido nos nossos estudos da Palavra, reflexões e até na nossa vivência devocional.

Simão era chamado de “Zelote”, que quer dizer “zeloso”. A ordem dos zelotes era um grupo de pessoas que lutava para que Israel fosse liberto das mãos tenebrosas dos romanos e das suas leis.

A vida de Simão é mudada a partir do seu encontro com Jesus. O seu zelo deixa de ser um zelo activista e cheio de desejo de fazer justiça pelas próprias mãos e torna-se um zelo pelas coisas de Deus e pelo próprio Jesus. Segundo a tradição, este cuidado convertido de Simão, tinha também como alvo os pobres e doentes, de quem o apóstolo cuidava com muito carinho, como quem cuidava do próprio Jesus.

Ainda segundo a história, Simão era irmão de outros dois apóstolos: Judas Tadeu e Tiago Menor, filhos de Maria de Cléofas, aquela que, com a Virgem Maria e Maria Madalena, permaneceu aos pés da Cruz de Jesus na Sua Paixão e Morte.

Segundo o historiador Nicéforo Calisto, Simão teria, após o Pentecostes, desenvolvido a sua missão em regiões como a África e a Grã-Bretanha.

Na série “The Chosen – Os Escolhidos", o chamado de Simão está ligado a uma cura de seu irmão. Mas vale lembrar que a série, como outra qualquer, romantiza e acrescenta pontos para alongar a história. Pode assistir à cena do chamado de Simão aqui.

Judas Tadeu

São Judas Tadeu já é um pouco mais conhecido, não historicamente, mas pela devoção que cresceu em muitos países onde, inclusive, ele é invocado como o “santo das causas impossíveis”. Além disso, o que dá mais visibilidade ao santo apóstolo é o livro bíblico escrito por ele, onde ele inicia, inclusive, apresentando-se dizendo: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos eleitos bem-amados em Deus Pai e reservados para Jesus Cristo” (Judas 1,1).

Judas era primo-irmão de Jesus, visto que era filho de Maria de Cléofas que era prima-irmã da Virgem Maria e seu pai, Alfeu, irmão de São José, segundo a tradição. Ele ‘herdou’ da sua família, o amor por Jesus, visto que sua mãe, como já citámos, foi aquela que permaneceu aos pés da Cruz e seu pai, um dos possíveis discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35).

O santo, ainda segundo a tradição, teria participado do primeiro concílio, tendo voltado dele por volta do ano 50. Depois disso, evangelizou regiões como a Síria, a Arménia e a Mesopotâmia.

Junto com São Simão, Judas foi martirizado por não ceder à pressão pela renúncia a Jesus Cristo e por não adorar os deuses pagãos. Ele lutava contra a idolatria, proclamando sempre o senhorio de Jesus.

Ele foi martirizado às machadadas, por isso traz na sua iconografia, um machado nas mãos, também como prova da sua entrega completa por amor a Jesus Cristo.

Conclusão

Ao conhecermos mais sobre a vida destes dois grandes santos apóstolos e mártires, reconhecemos nas suas vidas uma entrega profunda de amor a Cristo e à Igreja. Podemos inspirar-nos neles, pedindo essa mesma graça da fidelidade e do amor sem reserva.

E podemos ficar com o conselho de São Judas, que nos diz: "Conservai-vos no amor de Deus, aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna. Para com uns exercei a vossa misericórdia, repreendendo-os, e salvai-os, arrebatando-os do fogo. Dos demais tende compaixão, repassada de temor, detestando até a túnica manchada pela carne" (Judas 1,21-23).

São Simão e São Judas Tadeu, rogai por nós!