O coração de Jesus segundo o Papa Francisco na sua nova encíclica
Não é de hoje que meditamos por cá sobre o Sagrado Coração de Jesus, a sua espiritualidade, aparições, videntes e outras características importantes.
Desta vez, quem nos ajuda a meditar sobre este atributo do Senhor é o Papa Francisco que, no passado dia 24 de Outubro, lançou a Carta Encíclica Dilexit nos (amou-nos, em português) sobre o Amor Humano e Divino do coração de Jesus, que pode ler na íntegra no sítio oficial do Vaticano, clicando aqui.
O Coração
Logo no primeiro capítulo, Francisco ajuda-nos a reflectir sobre a importância do coração e sobre a sua representação. É bonito pensar que o coração, como o conhecemos e como Jesus mostrou a Santa Margarida Maria Alacoque, nos recorda a humanidade de Jesus, tantas vezes esquecida entre os cristãos. O Senhor, totalmente Deus, é também totalmente humano, como nos ensina o Dogma que fala da união hipostática.
Neste sentido, o Papa resgata a importância de voltarmos ao coração e de a ele e com ele falarmos, como já havia ensinado numa mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.
“Neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração; indicar onde cada pessoa, de qualquer classe e condição, faz a própria síntese; onde os seres concretos encontram a fonte e a raiz de todas as suas outras potências, convicções, paixões e escolhas. Movemo-nos, porém, em sociedades de consumidores em série, preocupados só com o agora e dominados pelos ritmos e ruídos da tecnologia, sem muita paciência para os processos que a interioridade exige. Na sociedade actual, o ser humano ‘corre o perigo de se desorientar do centro de si mesmo’” (N. 9), exortou.
O amor na prática
O Sumo Pontífice também recorda que o amor cristão precisa de ser prático e não apenas teórico ou sentimentalista, assim como fez o próprio Cristo ao dar a Sua vida por amor e para nos libertar. O coração que não é visível a olho nu, torna-se "palpável" quando se rasga para amar concretamente e sem distinção.
“O modo como nos ama é algo que Cristo não quis explicar-nos exaustivamente. Mostra-o nos seus gestos. Observando-O, podemos descobrir como trata cada um de nós, mesmo que nos custe perceber isso. Procuremos, pois, onde a nossa fé pode reconhecê-Lo: no Evangelho” (N. 33), medita Francisco, que ainda nos chama à intimidade com o Senhor ao lembrar que "esse mesmo Jesus espera hoje que lhe dês a possibilidade de iluminar a tua existência, de erguer-te, de encher-te com a sua força. Porque, antes de morrer, disse aos seus discípulos: 'Não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós! Ainda um pouco e o mundo já não me verá; vós é que me vereis' (Jo 14, 18-19). Ele consegue sempre uma maneira para se manifestar na tua vida, para que tu O possas encontrar" (N. 38).
A imagem do Sagrado Coração
Os devotos do Sagrado Coração de Jesus, de forma especial, veneram a sua imagem nas suas casas, oratórios, igrejas, capelas. É muito característica essa representação do Senhor. Vale lembrar que, inclusive, existem promessas para aqueles que entronizarem nos seus lares as imagens dos corações de Jesus e Maria.
"Convém notar que a imagem de Cristo com o seu coração, ainda que de maneira nenhuma possa ser objecto de adoração, não é uma imagem qualquer, entre muitas outras que poderíamos escolher. Não é algo inventado de modo abstracto ou desenhado por um artista, 'não é um símbolo imaginário, é um símbolo real, que representa o centro, a fonte da qual brotou a salvação para a humanidade inteira'" (N. 52), diz o Papa ao recordar que “não devemos esquecer que esta imagem do coração nos fala de carne humana, da terra, e por isso nos fala também de Deus que quis entrar na nossa condição histórica, fazer-se história e partilhar o nosso caminho terreno. Uma forma de devoção mais abstracta ou estilizada não será necessariamente mais fiel ao Evangelho, porque neste sinal sensível e acessível se manifesta o modo como Deus quis revelar-se e tornar-se próximo de nós” (N. 58).
Conclusão
Vale muitíssimo a pena debruçar-se sobre esta Encíclica do Papa Francisco. Ela é de fácil entendimento com conteúdo profundo, devocional, com muitas referências e leva-nos à experiência de um amor que lança fora todo o temor.
No fim da Encíclica, Francisco clama sobre todo o povo as bençãos do Coração de Jesus. "Peço ao Senhor Jesus Cristo que, para todos nós, do seu Coração santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir, para nos impulsionar a fim de aprendermos a caminhar juntos em direcção a um mundo justo, solidário e fraterno. Isto até que, com alegria, celebremos unidos o banquete do Reino celeste. Aí estará Cristo ressuscitado, harmonizando todas as nossas diferenças com a luz que brota incessantemente do seu Coração aberto. Bendito seja!" (N.220).
Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de nós!