De Nietzsche a Cristo: Uma história de conversão

De Nietzsche a Cristo: Uma história de conversão

De Nietzsche a Cristo: Uma história de conversão

Nascido nas Filipinas, Dino Remédios, após o divórcio dos seus pais, ainda criança migrou com toda a sua família materna na década de 80 para os Estados Unidos. Hoje é Professor de Teologia, na Escola Católica Our Lady of Good Counsel High School, em Maryland.

Cresceu na realidade de uma família étnica, de imigrantes, muito unida, que se reunia com os avós, tios e primos todos os fins-de-semana para comerem os alimentos do seu país de origem. O seu percurso de vida foi marcado por uma profunda transformação: passou de um ateísmo convicto à plena adesão à fé católica.

Durante muitos anos, Dino não sabia quase nada sobre o cristianismo ou sobre a sua própria herança católica. Foi apenas em 1997 que escolheu, conscientemente, entrar na Igreja. Antes disso, considerava-se ateu, admirador da filosofia de Nietzsche, até que, por acaso, a sua vida foi transformada pela leitura do Evangelho.

Uma infância distante da fé

Embora mantivessem as tradições culturais filipinas, a prática religiosa era quase inexistente. “A minha única experiência cristã real na infância foi o Natal. Íamos à missa talvez uma vez por ano, mas nunca recebi catequese, nem pensei em Cristo”, recorda Dino.

Apesar da sua dissociação com a fé, recorda o Natal como algo profundamente significativo: “Era uma âncora, algo belo, inocente e esperançoso. O incenso, os sinos, as luzes... tudo isto me ligava a algo redentor.”

A juventude e a busca filosófica

Durante a sua juventude, Dino procurou respostas em várias direcções: na política, na filosofia, na música e até na cultura do hip-hop. Era progressista e chegou a fazer campanha por Bill Clinton durante a sua candidatura presidencial. Embora convivesse com cristãos empenhados em causas sociais, nunca teve conversas sobre a fé ou sobre Jesus.

No secundário começou a fazer cursos de filosofia, uma aula de pensamento crítico e teve o primeiro contacto com o texto “A Caverna de Platão” e “A Lei de Aristóteles”, que o fez abrir-se ao mundo e questionar a própria visão da realidade e a procura da verdade.

Durante este período ganhou um livro de Nietzsche e após a leitura chegou à conclusão “não há verdade, não há Deus”, passando a considerar-se ateu. No período da Faculdade, Dino começou a viver uma decadência moral, onde se tornou num tipo de hedonista, “eu não era selvagem nem louco, mas o que a cultura  dizia o que um jovem deveria fazer, eu fazia-o, e isto levou-me às drogas e ao sexo fora do casamento, e a outras coisas, era uma vida faminta, uma vida desnutrida e, no fim de contas, era uma vida triste”.

O ano que tudo mudou

A transformação de Dino começou durante uma estadia nas Filipinas, em 1997, quando a mãe lhe pediu para passar algum tempo com o pai. Aí, começou a frequentar missas ocasionalmente, incentivado pela namorada do pai, no entanto, ainda se sentia indiferente e aborrecido.

Foi durante este período que, por puro tédio, Dino pegou numa Bíblia da estante e começou a ler o Evangelho de São Mateus. Sem saber muito sobre Jesus, leu as páginas como se fossem histórias curiosas, no entanto, a leitura tomou um rumo inesperado. “Na primeira semana, pensei: ‘Jesus é realmente interessante.’ Na segunda, perguntava-me como é que as pessoas não percebiam o que Ele dizia. Na quarta semana, percebi que Ele estava a falar directamente comigo.”

Ao chegar à narrativa da crucificação e ressurreição de Jesus, Dino enfrentou a pergunta que mudaria a sua vida: “Será isto verdade?” Sabia que, se a resposta fosse sim, a sua vida nunca mais seria a mesma. Foi então que, em oração, declarou: “Senhor, eu acredito em Ti. Confio em Ti e quero seguir-Te.”

A Nova Vida em Cristo

Após esta experiência, Dino procurou os sacramentos da Igreja, embora pensasse que seria rápido, demorou dois anos de preparação e catequese, frequentou conferências, participou em grupos paroquiais e mergulhou na rica diversidade da espiritualidade católica, desde o carismático ao tradicional.

Dino resume o seu percurso como um processo de cura e renovação: “Foi como se os ossos secos recebessem uma nova vida. Senti o meu coração ser restaurado e cheio de esperança.” Hoje, como professor de Teologia, partilha a sua história e inspira os jovens a conhecer a beleza da fé católica.

Inspirado por São Maximiliano Maria Kolbe

Em 1999, recebeu finalmente o sacramento do Crisma, escolhendo São Maximiliano Kolbe como o seu patrono, a sua figura desempenhou um papel essencial no fortalecimento da sua devoção a Nossa Senhora e na sua caminhada espiritual.

Ao relatar como a história do santo o inspirou profundamente, testemunha também que foi através de Maria que abraçou plenamente a comunhão dos santos, encontrando nela uma intercessora amorosa e um exemplo perfeito de fidelidade a Cristo, “Este homem em particular, Maximiliano Kolbe, deu-me um testemunho concreto de como pode ser a vida de Cristo, aqui, na Terra e mostrou-me o que significa ser totalmente dedicado a Nossa Senhora”. Durante os seus estudos na Universidade Franciscana de Steubenville (FUS), teve a oportunidade de aprofundar a sua fé e fortalecer os laços com Nossa Senhora, lendo a Consagração a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria de São Luís Maria Grignion de Montfort, inspirando-se no testemunho de São João Paulo II, que considerava este livro fundamental para a sua vida espiritual.

Após o casamento, a consagração a Maria tornou-se um pilar central na sua vida e da sua família, sendo até hoje um guia para as suas decisões e práticas espirituais.

Um apelo ao ensino e à vida em Cristo

Na Universidade Franciscana de Steubenville, mergulhou no estudo das Escrituras, da Doutrina e da história da Igreja, e foi nesse ambiente de formação e espiritualidade que percebeu o seu desejo de ensinar Teologia, transmitindo a beleza da fé Católica a outros.

Apesar de tudo o que estudou e aprendeu, Dino sublinha que foi desde as suas primeiras leituras do Evangelho que ficou maravilhado com a humanidade e a sabedoria de Jesus. “Tudo o que Jesus ensinou tem uma profundidade incrível e faz-me querer crescer cada vez mais no amor e na fidelidade”, partilhou.

Actualmente, Dino continua a viver a sua fé como um testemunho de amor a Deus e à Virgem Maria, inspirando outros a seguir o mesmo caminho de entrega e confiança na Mãe de Deus.

Reflexão Final: O Poder Transformador da Fé

A vida de Dino Remédios é um testemunho poderoso da acção de Deus nas nossas vidas. O seu percurso ilustra como Ele pode tocar os corações mais improváveis, transformando um ateu convicto num fervoroso católico e professor de Teologia.

Esta história lembra-nos que a fé não é apenas uma herança cultural, mas um encontro pessoal com Cristo. O simples acto de ler o Evangelho abriu as portas para uma transformação profunda, demonstrando que a Palavra de Deus é, de facto, viva e eficaz.

A devoção de Dino a Nossa Senhora e a sua inspiração em São Maximiliano Kolbe sublinham a importância da comunhão dos santos na vida cristã. Através destes exemplos, vemos como a tradição católica oferece modelos concretos de santidade que nos podem guiar no nosso próprio caminho de fé.

Por fim, o testemunho de Dino convida-nos a reflectir sobre a nossa própria jornada espiritual. Independentemente do nosso passado ou das nossas dúvidas, a história de Dino mostra-nos que Deus está sempre pronto a acolher-nos, a curar-nos e a dar-nos uma nova vida em Cristo.

Que este testemunho seja um encorajamento para todos os que procuram a verdade e um lembrete da infinita misericórdia de Deus, que transforma vidas e renova corações, conduzindo-nos sempre para mais perto d'Ele.

sexta, 17 de janeiro de 2025