A Cátedra de São Pedro: Da Barca do Pescador ao Leme da Igreja

A festa da Cátedra de São Pedro é uma tradição muito antiga, celebrada e testemunhada em Roma desde o século IV, momento especial para os fiéis católicos meditarem e darem graças a Deus pela missão e autoridade que foi confiada ao Apóstolo Pedro e aos seus sucessores.

A palavra cátedra simboliza o assento do bispo – sede fixa – marcado pelo significado da sua missão de ensinar e orientar a Igreja. São Pedro representa a base do magistério papal que conduz a Barca da Igreja através das épocas mantendo-A fiel à vontade de Cristo que é a Rocha Eterna.

O Papa – Bispo de Roma – exerce esta missão de ensinar, santificar e governar o povo de Deus na fé sendo um sinal visível de unidade na Igreja. O Concílio Vaticano I (1869-1870) reafirmou esta missão ao proclamar o dogma da infalibilidade papal assegurando que, ao ratificar solenemente as questões de fé e moral, o Papa está protegido do erro pelo Espírito Santo.

Ao longo da história, muitos Papas enfrentaram perseguições, divisões internas e grandes desafios culturais. Porém, o legado de Cristo e a Sua promessa – «as portas do inferno não prevalecerão contra Ela» (Mt 16, 18) – sustentam a Igreja e confirmam a missão petrina.

Da barca do Pescador ao Primado Apostólico

A história da Igreja está profundamente ligada à figura de São Pedro Apóstolo, o humilde pescador da região da Galileia que foi escolhido por Jesus Cristo para ser «a pedra» sobre a qual edificaria a Sua Igreja (Mt 16, 18). O percurso deste chamamento divino – da barca do pescador ao primado apostólico – exprime a autoridade que perdura no ministério do Papa através dos séculos.

Em Cesareia de Filipe, Pedro professou publicamente a sua fé em Jesus Cristo: «Tu és o Cristo o Filho do Deus vivo» (Mt 16, 16). Tal confissão agradou ao Coração d’Aquele que em resposta lhe confiou uma missão única: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18). Assim, Cristo instituiu sobre Pedro o primado, tornando-o fundamento visível da unidade ecclesial sob a orientação divina.

A Fraqueza humana e a força da Misericórdia Divina

Pedro, um simples pescador, foi chamado por Jesus para se tornar «pescador de homens» (Mt 4, 19). Recebeu-O na sua barca, onde teve início uma transformação radical: dali em diante seria responsável por ser «a rocha» sobre a qual Cristo edificaria a Sua Igreja, confiando-lhe as chaves do Reino dos Céus (Mt 16, 19) e, mais tarde, ordenando-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21, 15-17).

Mesmo com um chamamento tão especial e elevado, Pedro demonstrou fraquezas, negou Jesus por três vezes (Lc 22, 61-62)… Contudo, foi também o primeiro a arrepender-se e a experimentar a redenção, reafirmando novamente o seu amor ao Senhor.

Após a Ressurreição, Cristo confirma-o na sua missão: «Apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21, 17). A força da misericórdia de Jesus cura o coração de Pedro ferido pela sua negação e confirma-o na fé, tornando-se o primeiro Papa da Igreja de Cristo.

Jesus tirou Pedro da sua humilde barca de pescador para o colocar definitivamente com o leme da Igreja. Depois do Pentecostes, Pedro assume a frente da Igreja nascente, pregando, baptizando e orientando a comunidade cristã (Act 2, 14-41). Mais tarde, é levado para Roma, o centro do império, onde, segundo a tradição, viveu os seus últimos dias, testemunhando a sua fé até ao martírio, selando com o seu sangue a sua vida doada à Igreja.

Podemos dizer, por fim, que a barca da Igreja continua a ser conduzida por Cristo com Maria e o Papa a bordo, sob a orientação de Jesus, tendo Maria como mãe espiritual e o Papa no comando do leme, por mandato do próprio Jesus.

Amor ao Santo Padre e a missão petrina

O amor ao Papa é uma expressão marcante de fidelidade e obediência à fé católica. Somos chamados a manifestar este amor na oração, no respeito pela doutrina e na vivência dos ensinamentos cristãos no dia-a-dia.

Santa Catarina de Sena, numa das suas cartas, refere ao Papa: “O que lhe fazemos, fazemos a Cristo do céu, quer seja reverência, quer, vitupério” (Carta 207, I, 436). Tal atitude dos santos mostra-nos como devemos confiar nesta missão que Jesus entregou a Pedro e aos seus sucessores, evitando falar mal da Igreja e do Papado, amando e orando sempre por Ela. Dizia São Josemaría Escrivá em defesa do Papa, “Eu cortaria mil vezes a minha língua com os dentes e cuspi-la-ia longe, antes de fazer a mais pequena murmuração sobre aquele que mais amo na terra, depois do Senhor e de Santa Maria: il dolce Cristo in terra” (São Josemaria, Carta 17, n.º 53).

Reflexão e Compromisso dos Fiéis

Com a celebração da Cátedra de São Pedro, somos convidados a renovar a nossa consciência da missão do Papa e da nossa própria responsabilidade enquanto membros do corpo de Cristo.

Somos convidados a rezar constantemente pela nossa Igreja, pelo Santo Padre o Papa, pedindo sempre luz e sabedoria para conduzir como Bom Pastor as suas ovelhas, acolhendo com coração aberto as suas orientações e escuta humilde os seus ensinamentos.

Que possamos reflectir o exemplo de São Pedro, que vivenciou nesta peregrinação, rumo à pátria celeste, o combate às fraquezas; seguiu com fidelidade a voz do Bom Pastor, que continua ao longo da história conduzindo a barca da Igreja pelos mares da história, rumo ao porto seguro que um dia almejamos: a eternidade.

Rezemos juntos, neste dia, pela saúde e recuperação do Papa Francisco!

Oração a São Pedro Apóstolo

Ó São Pedro, pedra viva da Igreja fundada por Jesus Cristo, vós que fostes chamados pelo Senhor para ser pescador de homens, Vós que dissestes: “Senhor a quem iremos nós? Pois só Tu tens palavras de vida eterna”, vinde em meu auxílio com a vossa intercessão junto de Deus, dando-me coragem para seguir o vosso exemplo de amor fiel a Cristo e anunciar a Verdade a todos.

Ó São Pedro, Vós que fizestes a mais bela declaração de amor: “Senhor, Tu sabes que Te amo”, ensinai-me hoje, o caminho da justiça para que eu tenha saúde e paz e alcance a graça que Vos peço. Ámen!

Glorioso São Pedro, rogai por nós!