O Papa Francisco é reconhecido mundialmente pelos seus gestos de bondade e cordialidade. É um pontífice próximo do povo. Ele abraça, beija, canta, ajoelha-se e até pede para que o povo reze por ele.
Mas o que muitos esquecem mesmo é que ele é um homem e passível de errar.
Um safanão que rodou o mundo
No dia 31 de dezembro, na praça de São Pedro, no Vaticano, enquanto cumprimentava a multidão que se comprimia para vê-lo e tocá-lo, o Papa Francisco foi surpreendido pela atitude de uma fiel...
Francisco foi puxado por uma jovem senhora que também aguardava a sua passagem. Qual foi a reação do Bispo de Roma? Irritou-se e deu um safanão nas mãos daquela mulher. Que pecado de Francisco, não é?
Gente como a gente!
O Papa Francisco não é uma máquina, e muito menos um anjo que não tem sentimentos e reações nervosas. Pelo contrário. Sendo gente como a gente, Francisco não é isento de reagir com os mais normais sentimentos humanos.
Numa situação destas, de quase “agressão” a um senhor de 83 anos, quem não ficaria nervoso?
A reação do povo
A atitude do Sumo Pontífice assustou muita gente que estava acostumada com aquele “bom velhinho” que abraça a todos, sorri, inclina-se diante da multidão, conta piadas, e quebra protocolos.
Muitos disseram que aquela era a verdadeira face do Papa, que se escondia através dos seus gestos a transpirar bondade. Quanta maldade houve na falácia dos media e dos comentaristas nas redes sociais.
Mas o Papa não se deteve, e deu-nos uma valiosa lição de humanidade e conformidade aos mandamentos de Jesus.
Pedido de perdão
O Papa Francisco errou publicamente? Sim. Então, também pediu perdão publicamente, mais uma vez colocando-se como Bom Pastor que também ensina suas ovelhas não só pela Palavra, mas sobretudo pelo exemplo.
Neste ambiente de divisão nos media entre ‘prós e contras’, Francisco expôs-se durante a missa de ano novo, presidida por ele na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no dia 1º de janeiro.
O Papa disse:
"Muitas vezes perdemos a paciência. Eu também. Peço perdão pelo mau exemplo de ontem!”.
Vejam, ele não apenas pediu perdão pela atitude, mas pelo exemplo dado. O que é que isto significa?
Ele sabe que mesmo sendo um homem como qualquer outro, preside a um cargo que lhe confere autoridade sobre outros, e que isso lhe exige um testemunho público. Francisco rebaixa-se, para sublinhar um dos mandamentos de Cristo.
E nós?
Na internet, muitas pessoas disseram coisas como: “se o Papa está reagindo deste modo, imagine-se como seria comigo, então!”.
Parece importante notar o arrependimento e o pedido de perdão, pelo gesto menos caridoso.
Francisco ensina- nos que apesar do que fazemos ou do cargo que ocupamos, cada pessoa merece ser respeitada e amada pelo que é, mais do que por aquilo que faz.
A mulher que o puxou daquele modo errou! Mas o erro dela não isenta o erro do Papa, nem pode justificar tal reacção.
Transformai-vos!
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito” (Rm 12, 2), é o que nos ensina o apóstolo São Paulo. Portanto, assim como o Vigário de Cristo, também nós não devemos conformar-nos com os nossos impulsos humanos de raiva e/ou falta de paciência.
Humilhar-se como fez Francisco publicamente, voltar atrás e pedir perdão, é abrir caminho para que também o outro mude.
O Papa Francisco, homem da misericórdia e da bondade, expressa através desta atitude que nunca é tarde demais para voltar atrás e aparar as arestas que ainda existem em nós.
O impulso humano é normal? Claro! Mas em nós habita o Espírito Santo que ordena todas as coisas e nos coloca em nosso lugar de cristãos conformados ao coração de Jesus: humilhar-se e humildemente recomeçar, independente de quem sejamos, e independente de quem nos tenha feito mal.
Aprendamos de Francisco!