Na quarentena, clamar com fé!
Não é fácil manter a fé quando tudo parecesse desabar. Quem pensaria que em 2020 passaríamos por tudo o que estamos a viver?
Coronavírus (COVID-19), recessão financeira, isolamento social, mortes, mercados e ruas vazias. Quem estava preparado para toda esta situação? Ante a nossa própria estranheza e perplexidade, é preciso que clamemos com fé, como o Papa Francisco nos ensinou durante a bênção Urbi et Orbi no passado dia 27 de março.
Como temos pedido?
Durante a celebração, onde se encontrava quase sozinho na Praça de São Pedro, o Papa Francisco fez uma reflexão em torno ao texto do Evangelho de São Marcos, capítulo 4, no qual o Evangelista descreve uma tempestade, encontrando-se os discípulos, juntamente com Jesus, num barco. O medo fez com que aqueles homens se desesperassem e perguntassem aflitos a Jesus: “Mestre, não Te importa que pereçamos?”.
Em tempos de crise, se não temos uma fé firme, facilmente vacilamos na confiança de que Deus nos olha e cuida sempre. Sim, Deus está presente, Deus não dorme, senão que nos acompanha e sustenta mesmo que disso não sejamos conscientes.
Estamos perecendo!
Num contexto como o que vivemos atualmente, quantas vezes temos a sensação de que o mundo está perecendo! O sofrimento a que assistimos diariamente dificulta-nos um olhar de esperança face ao futuro.
Sim, o mar está agitado. Sabemos isso. Mas nesse mar agitado, o Senhor permanece no nosso barco.
Qual é a nossa atitude diante desta pandemia? A dos apóstolos medrosos e desconfiados da misericórdia de Deus ou a de Jesus, que dorme sereno por acreditar firmemente que o Pai sempre nos olha com compaixão?
Não tenhais medo!... É preciso orar!
"Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?" (Mc 4, 40) Esta é a pergunta que Jesus faz aos seus primeiros discípulos e que nos faz também hoje a nós.
O Papa Francisco já nos deu a pista para viver este tempo: é preciso voltarmos os nossos corações para o Cristo Crucificado e para Nossa Senhora.
Durante a bênção Urbi et Orbi, esteve na Praça de São Pedro um crucifixo conhecido por a Ele se ter recorrido em 1522 em Roma, durante a Peste, a qual já havia feito milhares de vítimas. Nessa época, o crucifixo foi levado em procissão durante vários dias e finda a mesma, a peste regrediu. Agora, nesta significativa oração pela humanidade, o Papa quis tê-lo ali presente, vertendo nele, como outrora os nossos antepassados na fé, todas as angústias e sofrimentos dos homens e mulheres do nosso mundo.
Mas também a Virgem Maria esteve presente através do ícone da Salus Populi Romani, a “Salvação do povo romano”. Também esta imagem traz consigo relatos de milagres: em 593, o Papa Gregório I levou-a em procissão para pedir o fim da peste e em 1837, Gregório XVI, invocou-a, pedindo o cessar de uma epidemia de cólera.
Rezemos com o Papa
O Santo Padre convida-nos a rezar com ele pelo fim desta pandemia de Covid-19, em especial, pedindo o dom da fé, para que acreditemos que o Senhor está connosco e não nos deixará perecer. Rezemos:
Ó Maria, Tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança. Nós nos entregamos a Ti, Saúde dos Enfermos, que na Cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a Tua fé. Tu, Salvação do povo romano, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galileia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação. Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser. Ele que tomou sobre si os nossos sofrimentos e tomou sobre si as nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição. Amém.
Sob a Tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus. Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada.