São José - Pai Amado

São José - Pai Amado

São José – Pai Amado

“Ninguém ama o que não conhece”

 

Ir. Alzira Rasia, ASCJ*


 

Foi na infância, que a devoção a São José começou a ter um eco profundo na minha vida. Recordo que Ele sempre foi muito amado e honrado na minha família e na nossa Aldeia era venerado como protetor.

Ao entrar na Vida Religiosa Consagrada, a formação que recebi intensificou a minha devoção por São José e as raízes foram-se aprofundando, alicerçadas pelo testemunho e partilha das irmãs, as quais mantinham com Ele uma verdadeira relação de intimidade.

Hoje, mais do que nunca, sou levada a valorizar todo o conhecimento acumulado ao longo da história sobre este grande santo, o qual fez muito, sem dizer nada; falou através da força eloquente do seu testemunho. Entre todos os santos é o maior, porque foi aquele que teve o seu coração mais perto de Jesus, batendo em uníssono com o Dele e o de Maria, os maiores Tesouros que Deus confiou a este jovem carpinteiro.

O “Sim” de José ao Plano divino, permitiu-lhe acolher, mesmo sem entender, exigindo da sua parte, docilidade, muita fé e obediência à mais suprema das escolhas: ser Pai adotivo de Jesus, o Messias e Salvador do mundo! Foi capaz de renunciar aos seus próprios planos, num verdadeiro despojamento interior, fazendo da sua vocação humana “oblação sobre-humana” de si mesmo, a serviço do Messias. Por isso, São José sempre foi o Pai amado do povo cristão.

O amor não está ligado ao sangue, mas ao coração. São José amou Jesus, realmente, com coração de pai. Foi verdadeiro pai (adotivo) porque teve a coragem de dar um novo passo, um novo rumo à sua vida, como herói sem glória, alimentando apenas, dentro de si, a vontade de gerar amor. José, em hebraico significa “Deus cumula de bens”. Os autores místicos designavam-no “Sombra do Pai celeste”, um privilégio especial só a ele concedido, pois, nele Jesus, certamente, contemplava a ternura do Pai Celeste. 

O amor verdadeiro é uma dádiva divina, uma fonte inesgotável, um “mimo do céu”. Sentir-se amado é a maior necessidade do ser humano, por isso, como alguém dizia: “com amor vivemos, sem amor passamos”.

Sentir-nos amados é termos elementos suficientes para ligar-nos à nossa fonte interior, Deus, e por ela, aos nossos irmãos. O amor de pai e de mãe, é o que mais se assemelha a Deus. São João define: “Deus é amor”! Por isso, Deus, ao enviar o seu Filho Unigénito à terra, quis que Ele tivesse uma mãe, Maria, e um pai, José.

Como Maria, a Virgem Fiel, a Cheia de Graça, José aceitou cumprir, com humildade e discrição, esta missão de pai adotivo para proteger Jesus e sua mãe dos perigos a que estariam expostos. Cuidou com muito amor de Maria e dedicou-se com empenho jubiloso na educação de Jesus. Exerceu influência positiva no desenvolvimento da personalidade do Filho de Deus, sempre presente, atencioso, esposo amoroso e fiel, enfrentando todos os desafios. Levou o Menino Jesus ao colo, ensinou-O a caminhar e a rezar a Palavra de Deus. No sentido humano, foi para Jesus, pai, mestre e amigo, primeiro exemplo de homem, conferindo-lhe, juntamente com Maria, a maior herança: o Amor!

José, entre todos os homens de seu tempo, foi escolhido por Deus, para ser o melhor modelo de Pai e protetor da família de Nazaré. Protegeu Jesus das mãos assassinas de Herodes, o Grande. Ensinou a Jesus o valor do trabalho e coube-lhe na História da Salvação, a honra e glória de dar-lhe um nome, fazendo-O descendente de David, como era necessário para cumprir as promessas divinas (Mt 1, 21). Verdadeiro Pai amado, deixou o Salvador pronto para começar a sua missão.

Como diz o Papa Francisco, “a grandeza de São José consiste em ter sido esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, acolhendo todos os acontecimentos com um protagonismo corajoso e forte”. O Papa Pio XI, ao declará-lo “Patrono da Igreja”, disse que, depois de Maria, é o maior de todos os santos. E João Paulo II, “Jesus e Maria receberam a graça de viver juntos, o Carisma da Virgindade e do Matrimónio”.

São José sempre foi “Um Pai Amado” para nós cristãos; prova disso é o facto de lhe serem dedicadas tantas Igrejas no mundo, tantos conventos e Institutos religiosos. Muitos santos e santas foram seus grandes devotos. Santo Agostinho compara os outros santos a estrelas e São José ao sol, porque a este grande santo Deus confiou Deus as suas maiores riquezas: o Seu Divino Filho e a Virgem Maria.

Sejamos grandes devotos de São José; a ele recorramos em toda e qualquer necessidade, na certeza da sua ajuda e proteção.

 

* A irmã Alzira Rasia colabora atualmente na pastoral do acolhimento e da escuta no Santuário de Cristo Rei. É licenciada em Psicologia e licenciada também em Letras, Português e Literatura da Língua Portuguesa. Especializada em Counseling (Aconselhamento).
 
Quarta, 3 de Março de 2021