Neste ano dedicado a São José, o Papa Francisco escreve a Carta Apostólica Patris Corde, apresentando várias perspetivas sobre a vida, as ações, o silêncio e a humildade de José, esposo de Maria e Pai de Jesus. É inspirador observar que em todos os aspetos da sua existência, este homem, na qualidade de esposo e figura paterna da Sagrada Família, mostra-se totalmente disponível para colaborar com Deus e cumprir a Sua vontade.
Na humildade do seu trabalho como carpinteiro, José providenciava honestamente o sustento da sua família. Naturalmente, Jesus cresce aprendendo a técnica de carpintaria, mas também, pela ação de José, a observar o trabalho como fonte de realização e dignificação humana. A passagem do Deus menino por este processo de crescimento sob a tutoria de José, revela-nos um Deus próximo, que quer a participação do homem na sua obra: a obra da salvação. Desta forma, também através do seu trabalho, José participa na obra de Deus.
Queremos nós, a exemplo de São José, participar nesta obra?
O exemplo do patriarca da Sagrada Família recorda-nos que o próprio Deus (feito Homem) não desdenhou o trabalho, não o considerou um castigo, ou uma punição, mas antes uma oportunidade de humanização. Na sua reflexão sobre São José, pai trabalhador, o Papa Francisco escreve:
“A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia.”
Efetivamente, somos chamados a colaborar com Deus, desenvolvendo qualidades e potencialidades e colocando-as ao serviço dos irmãos.
Estamos disponíveis para colaborar com Ele? Dedicamos o nosso tempo ao aperfeiçoamento dos dons que nos foram concedidos?
Ao observar São José na perspetiva de pai trabalhador, temos a oportunidade de refletir sobre a forma como colaboramos (ou deixamos de colaborar…) com o Pai na criação do mundo que nos rodeia. Em casa, nos locais de trabalho, na Igreja em que servimos segundo os dons que nos são concedidos, cumprimos a vontade de Deus nos momentos e situações que vivemos com as pessoas que nos rodeiam? Somos dignos da família, dos colegas, das pessoas que Deus coloca ao nosso cuidado? Conseguimos em cada situação, em cada desafio santificar o nome do Pai através das nossas ações, palavras, olhares, sorrisos, lágrimas?
Estas são questões que nos podem acompanhar ao longo dos dias, no decorrer das tarefas que vamos realizando. Sei que Deus se manifestará, dando resposta através das pessoas que connosco convivem e trabalham.
Estaremos atentos? Conseguiremos escutar e encontrar a presença de Deus nos outros?
Sou professor. No decurso da minha atividade profissional realizo várias tarefas que excedem o ato de lecionar apenas. Contacto e trabalho todos os dias com pessoas de várias faixas etárias (adultos, jovens, crianças), de diversos contextos socioeconómicos e culturais, com diferentes expectativas sobre o que fazem nos espaços das escolas. Ao longo dos anos tenho vivido muitas experiências enriquecedoras, muitas alegrias, momentos de partilha, mas também dificuldades, situações de tensão, sentimentos de solidão e sofrimento. Têm sido anos de aprendizagem, de consolidação de técnicas e conhecimentos e, sobretudo, tempos de crescimento e de aproximação a Deus Pai. Estou absolutamente convencido de que todas as pessoas presentes, ou que em algum momento fizeram parte do meu percurso, foram escolhidas e surgiram como uma graça de Deus na minha vida.
Recordando estes anos, sei que nas ocasiões de agradecimento e nos momentos de súplica sempre obtive resposta de Deus por meio da oração.
Peçamos a Deus, por interceção de São José, pai trabalhador, que ilumine e conduza os nossos corações e as nossas ações no sentido de com Ele colaborar na obra de salvação e concretizar em todas as circunstâncias da nossa vida só a Sua vontade.