Santa Isabel, Rainha paciente e bondosa
Durante o ano de 2022 iremos publicando no nosso site textos sobre os santos portugueses. Muito temos a aprender com estes nossos conterrâneos, com a sua vida e testemunho.
Conhecer os santos e beatos que viveram no país onde habitamos é conhecer também a vocação desta nação. O que pede Deus a Portugal e aos portugueses? O que tem a vida destes homens e mulheres, adultos e crianças, a dizer-nos a nós que vivemos neste tempo?
Vamos juntos percorrer a vida destes santos, também como modo de reconhecermos o que Deus nos pede a cada um de nós pessoalmente: onde e como me pede Deus para ser santo? Que Santo mais me inspira no meu próprio caminho de santidade?
Rainha Santa Isabel
Começamos o nosso itinerário com uma mulher e rainha: a Rainha Santa Isabel.
Atualmente qualquer cargo de liderança política gera em nós desconfiança, mas antigamente, além de “políticos”, os reis eram também vistos como instrumentos de Deus para o cuidado do povo. Claro que nem todos os reis o faziam, mas Isabel era uma dessas grandes mulheres que procurava promover o bem de todos e especialmente dos mais pobres.
Neste ano em que nos preparamos para a Jornada Mundial da Juventude, ao olharmos para Santa Isabel, encontramos um belíssimo exemplo de fidelidade e amor a Deus ainda aquando da sua juventude, hoje tão permeada pela imaturidade e superficialidade.
Uma Rainha Santa
Nascida em Espanha em 1271, Isabel pertencia à família real de Aragão, onde recebeu uma forte educação cristã. Ainda com 12 anos de idade, casou-se com o Rei de Portugal, D. Diniz, deixando de ser uma criança consagrada para passar a ser uma esposa santa.
Mesmo com pouquíssima idade, já dava testemunho de fidelidade e de entrega como esposa cristã, mulher com forte vida de oração e experiência eucarística e sacramental. Além disso, era muitíssimo devota de Nossa Senhora, seu modelo de santidade, tornando-se grande propagadora do culto a Nossa Senhora da Conceição.
De seu casamento com o Rei D. Diniz, nasceram Constança e Afonso, sucessor do pai no trono português. Este, contudo, tinha muitos conflitos com o pai, chegando a haver um conflito bélico entre ambos. Isabel foi, então, conciliadora dentro de casa, rogando para que pai e filho vivessem em paz e concórdia.
Rainha caridosa
Isabel era também conhecida pela sua imensa caridade. Não foi a realeza que a fez esquecer dos mais pobres e desvalidos, sendo para eles uma mãe. A fonte da sua fecunda caridade estava na vivência dos sacramentos, nos jejuns e sacrifícios, além da comunhão diária e da confissão sempre que necessária. Em 1314 refundou o Mosteiro de Santa Clara. Já em 1321, fundou o Hospital de Nossa Senhora dos Inocentes, destinados a crianças abandonadas.
No fim da vida...
A Rainha era bondosa, mas o seu esposo nem tanto. Opunha-se a ela de diversas formas e por diversos motivos, em especial por ciúmes, o que Isabel provou, dia após dia, pela sua fidelidade, não haver qualquer fundamento para tal. Com ele praticou um de seus maiores atos de caridade, cuidando-o, apesar de todo o sofrimento que lhe provocava.
Isabel honrou o seu compromisso matrimonial e cuidou do seu esposo até ao fim, sendo-lhe remédio para o momento final da vida. Com a morte de D. Diniz, sendo já viúva, a Rainha Santa deixou o palácio, o trono, as riquezas e os títulos para receber o hábito da ordem terceira de São Francisco e tornar-se religiosa.
Santa descendência
A Rainha faleceu a 4 de julho de 1336 aos 65 anos de idade, após visitar o seu filho na tentativa de remediar mais um conflito familiar. Foi canonizada em 1665 pelo Papa Urbano VIII e declarada padroeira de Portugal, recebendo o título de “rainha santa da concórdia e da paz”.
Santa Isabel de Portugal tinha a quem se assemelhar. Ela trazia não apenas o mesmo nome, mas também o mesmo anseio pelo céu e pelas coisas de Deus que a sua tia-avó Santa Isabel da Hungria.
Peçamos a Deus, por intercessão de Santa Isabel de Portugal, a graça da fidelidade à nossa vocação e da caridade para com aos mais pobres de entre os pobres.