São João de Brito – de Portugal à Índia, dando a vida por Jesus
A vida dos santos é a encarnação do Evangelho de Jesus que se entregou por nós. De entre os santos, os mártires, de modo particularmente claro, parecem desenhar com o próprio sangue o futuro dos cristãos.
Sobre os mártires, diz o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 2473:
“O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um acto de fortaleza. «Deixai-me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus»”.
São João de Brito
São João de Brito foi um desses homens que entendendo que "quem ama a sua vida, perdê-la-á, mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna" (João 12,25), não poupou a própria vida, gastando-a em favor da evangelização dos povos.
Sobre ele, disse São João Paulo II: "Como não lembrar o exemplo de São João de Brito, jovem lisboeta que, deixando a vida fácil da corte, partiu para a Índia a anunciar o Evangelho da salvação aos mais pobres e desprotegidos, identificando-se com eles e selando a sua fidelidade a Cristo e aos irmãos com o testemunho do martírio?".
Nascido em Lisboa em 1647, João de Brito tinha uma saúde muito frágil, o que fez com que os médicos perdessem a esperança no seu restabelecimento. Com fé, a mãe pediu a intercessão do grande padroeiro das missões, São Francisco Xavier, e o pequeno João foi milagrosamente curado.
A vocação à vida religiosa
Para pagar a promessa feita pela mãe, João de Brito usou batina durante 1 ano, o que imprimiu no seu coração o desejo de corresponder aos apelos que Deus lhe fazia. Com apenas 15 anos de idade entrou na Companhia de Jesus.
Ordenado sacerdote em 1673, aos 26 anos de idade, João de Brito foi enviado em missão para evangelizar a Índia. Viveu em Goa e depois no Sul do país, onde continuou os seus estudos.
O ardor missionário pautou a vida deste santo. Era incansável na proclamação do Evangelho e no testemunho do que Deus é capaz de realizar no seu infinito amor. O sacerdote procurava inculturar-se e inculturar a fé para atrair o maior número possível de pessoas para o Amor e o Reino de Deus. Através do diálogo com a cultura, mesmo num contexto hostil, conseguiu que muitos aderissem à fé em Jesus.
Perseguição
Em Maravá, foram muitas as boas obras realizadas, evangelizando e batizando muita gente. Contudo, apesar de realizar o querer de Deus para a sua vida e ser sinal de amor para o povo, nem todos gostavam de João de Brito e da sua ação.
Ao voltar de Maravá, ele e outros missionários foram presos por soldados pagãos que fizeram de tudo para que o santo sacerdote renunciasse à fé. Mas ao contrário do que era esperado, João preferia renunciar à própria vida e viver o martírio se preciso fosse.
Por obediência, voltou para Portugal, deixando, contudo, o coração na Índia, terra que aprendeu a amar, não tardando muito em para lá regressar.
Martírio
Voltou para a Índia logo após ter dado o seu testemunho em diversos colégios dos jesuítas em Portugal.
Ao regressar, a sua pregação e testemunho continuaram a ser fecundos, convertendo muita gente ao cristianismo e, entre eles, um príncipe pagão, o que provocou a ira do rei que o mandou castigar.
A 4 de fevereiro de 1693, João de Brito foi degolado, depois de muito sofrimento, tendo desta forma, entregue a vida por Jesus e pelo seu Evangelho.
A tradição local diz que o sangue derramado por São João de Brito no lugar do martírio, tornou a terra vermelha e milagrosa.
Peçamos a Deus, por intercessão deste Santo, a graça de uma vida santa, capaz de viver e anunciar o Evangelho de Jesus com alegria.