Armadilhas que nos afastam do Coração de Jesus
Temos vindo a meditar sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus com o auxílio dos santos que tiveram a graça da Sua revelação por meio de aparições e também através dos escritos do Pe. Jean Croiset, diretor espiritual de Santa Margarida Maria Alacoque e, portanto, grande estudioso e autoridade no assunto.
Os três santos que já citamos aqui como videntes do Sagrado Coração de Jesus (Santa Margarida Maria, São Cláudio La Colombiere e Santa Gertrudes de Helfta) tinham em comum o grande desejo de amar a Deus e viver de acordo com a sua vontade, procurando também reparar os pecados cometidos contra Ele, através da oração e do sacrifício.
Nas suas vidas era percetível a humildade, a caridade, a liberdade interior, a confiança, a obediência, a adesão completa à vontade de Deus, a intimidade com Ele e a vida sacramental, dentre tantos outros dons, virtudes e qualidades.
Armadilhas contra a devoção
Compreendemos que para sermos verdadeiros devotos do Sagrado Coração, temos que viver diariamente uma luta que nos leva além de nós mesmos, procurando identificar-nos e assemelhar-nos cada vez mais com Jesus. Com confiança, poderemos rezar sempre: “Jesus, Manso e Humilde de Coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”.
Um coração semelhante ao de Jesus, foge do pecado e de tudo o que desfigura o ser humano, fazendo com que se afaste de ser imagem e semelhança do Pai do Céu. Dentre esses pecados, estão a tibieza, amor-próprio, orgulho e paixões fúteis, como vimos no texto do mês passado.
A Luta contra as armadilhas
Na sua autobiografia, Santa Margarida Maria Alacoque cita o que Jesus lhe disse numa das suas aparições: “Se ao menos os homens me prestassem alguma retribuição pelo Meu amor, pensaria como tenho feito pouco por eles e, se fosse possível, desejaria sofrer mais ainda. Mas a única retribuição que me prestam por todo o Meu desejo de lhes fazer o bem é rejeitar-Me e tratar-Me com frieza”.
O próprio Jesus mostra-nos como a frieza de coração o “entristece” diante de tanto amor que Ele tem por nós e para nós. Sendo assim, é preciso lutar contra a tibieza através de pequenos e grandes sacrifícios de amor ao Senhor. Ele mesmo pede a Santa Margarida:
“Pelo menos tu consola- Me suplicando pela ingratidão deles até onde isso te seja possível… Para Me fazeres companhia na humilde oração [no Jardim das Oliveiras] que então ofereci ao Meu Pai no meio da Minha agonia, todas as noites, entre quinta e sexta-feira, te levantarás entre as onze e a meia-noite e permanecerás prostrada comigo por uma hora, não só para aplacar a ira divina pedindo misericórdia para os pecadores, mas também para mitigar de alguma forma, a amargura que senti naquela ocasião, encontrando-Me abandonado pelos Meus apóstolos, que Me obrigaram a repreendê-los por não serem capazes de vigiar uma hora comigo”.
Para vencer
Na luta contra estes pecados, só venceremos através desta devoção se tivermos em mente que “O culto ao Sacratíssimo Coração de Jesus é o culto ao amor com que Deus nos amou por meio de Jesus Cristo” (Papa Pio XII). Deus antecipa-se sempre em amor e ama-nos mesmo quando não merecemos.
Esta experiência do amor de Deus, leva-nos a não nos deter no amor-próprio e nas paixões fúteis, mas a amar os nossos irmãos e irmãs, com o desejo de que experimentem esse mesmo amor que diariamente nos resgata.
Peçamos ao Coração de Jesus a graça de termos o coração repleto do seu Amor, para que não nos esqueçamos da Sua entrega e sempre nos coloquemos à disposição do Reino e dos Seus preferidos.
Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de nós. Amén.