Os adoradores que o Pai procura
Ouvimos sempre falar muito sobre a Adoração e muitos se dizem adoradores, mas Jesus, nas Sagradas Escrituras, deixa claro quem são os verdadeiros adoradores, aqueles a quem o Pai espera e procura ansiosamente.
Quem são os adoradores?
Numa das passagens mais emblemáticas dos Evangelhos, numa conversa transformadora com a mulher samaritana que havia perdido o sentido da vida, lemos o seguinte:
"Disse-lhe a mulher: 'Senhor, vejo que Tu és um profeta. Os nossos pais adoraram neste monte; vós, porém, dizeis que é em Jerusalém o lugar onde é necessário adorar'. Disse-lhe Jesus: 'Acredita em mim, mulher: está a chegar a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas está a chegar a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade. Pois o Pai procura os que assim o adoram. Deus é Espírito; e os que o adoram é necessário que o adorem em espírito e verdade’”.
Diante daquele poço dado por Jacob aos seus filhos, Jesus ensina à mulher que adorar é mais do que “estar num lugar” e mais do que orações que podem ser decoradas ou rezadas de diversas formas. Adorar é estar com a alma e o coração prostrados diante do Senhor e da Sua Divina vontade.
Um adorador integral
Sendo assim, adorar não é uma actividade qualquer da qual depende a intelectualidade. É preciso, antes, disposição para estar diante do Senhor, “de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento” (cf. Mt 22,37).
Mais do que o ‘corpo’ disposto, o adorador que o Pai procura é aquele que se coloca integralmente – corpo, alma e espírito – diante do Senhor, pois "o homem é criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus nosso Senhor", como dizia Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, os Jesuítas.
Quando falamos, então, sobre a Adoração Eucarística, precisamos de perceber, ainda mais, que adorar vai além do que podemos entender, pois, humanamente falando e a olhos nus, ao olharmos para o Santíssimo Sacramento enxergaremos apenas o ‘pão’, mas se nos deixarmos tocar pelo mistério da transubstanciação ocorrida em cada Santa Missa, o nosso coração reconhecerá o seu Senhor e Salvador, o mesmo que na última ceia disse “eis o meu corpo” e “eis o meu sangue”.
Um encontro real
O Pai procura adoradores que, como São João Apóstolo e Evangelista, queiram reclinar a cabeça no coração de Jesus para n’Ele descansar, ser curados e libertados.
Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentoristas, fala-nos dessa relação de amor e amizade que podemos ter com o Senhor diante do Santíssimo Sacramento do altar.
“Bons amigos encontram prazer na companhia um do outro. Vamos conhecer o prazer na companhia do nosso melhor Amigo, um Amigo que pode fazer tudo por nós, um Amigo que nos ama além da medida. No Santíssimo Sacramento podemos conversar com Ele directamente do coração”, ensina o santo Doutor da Igreja.
Ao meditarmos nisso, podemos encontrar na Adoração Eucarística a ocasião perfeita para crescermos em amor e intimidade com o Senhor que nos chama e que nos espera. Ele é o primeiro interessado na adoração e, por isso, se antecipa em amor, fazendo-se pequeno num pedaço de pão para ser facilmente encontrado pelas almas.
Santo Afonso também testemunha o grande bem que a Adoração Eucarística fez a sua alma. Meditemos com a vida deste grande santo, contemplando aquilo que o Bom Deus também pode realizar em nós, através dos encontros com Jesus na Eucaristia.
“Em nenhum lugar as almas sagradas fizeram resoluções mais admiráveis do que aos pés de seu Deus oculto. Por gratidão a meu Jesus, velado neste grande sacramento, devo declarar que foi através dessa devoção, visitando-O nos tabernáculos, que me retirei do mundo onde, para minha desgraça, vivi até os vinte e seis anos de idade. Você será feliz se puder se separar mais cedo do que eu e se entregar totalmente ao Senhor que se entregou totalmente a você”, reflectiu.
Oremos, irmãos, para que também possamos colher grandes graças através do Senhor Eucarístico.