O Poder Transformador do Perdão: A História de John e Sharon Echaniz
Vivemos numa era marcada pela indiferença, guerras, competição desleal e falta de perdão.
"Fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigénio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor", afirmou o Papa Francisco sobre a atitude de perdoar.
O exemplo de Jesus
Com Jesus, o Nosso Senhor, aprendemos, tanto pela pregação como pela atitude, que perdoar é sempre a melhor escolha.
Quando interrogado pelos apóstolos sobre como deveriam rezar, Jesus ensinou a oração que recitamos todos ou quase todos os dias, mas que, na verdade, raramente colocamos em prática. No ‘Pai-Nosso’, encontramos uma medida do perdão: “perdoa-nos as nossas ofensas, como também nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (cf. Mt 6,12).
Ainda, na prática, enquanto sofria na Cruz pelos nossos pecados, Jesus perdoou os seus algozes, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Que força incrível!
O poder do perdão
Num mundo frequentemente marcado pela dor e pelo ressentimento, a história de John e Sharon Echaniz sobressai como um farol de esperança e um testemunho poderoso da força do verdadeiro perdão cristão. Este casal de pais católicos, após enfrentar a tragédia inimaginável do assassinato do seu filho Michael, demonstrou uma capacidade de perdão que transcende o entendimento humano e convida a reflectir sobre a essência da fé e do amor incondicional.
Michael Echaniz, um jovem professor de San Antonio, Texas, foi brutalmente assassinado a tiros, em Março de 2022, ao sair do seu apartamento. O autor do crime foi Mathew Wiessing, um antigo colega movido por ciúmes devido à relação de Michael com a sua ex-namorada. Este acto de violência não só tirou a vida de um jovem promissor mas também abalou profundamente a vida da sua família.
A alegria pelo pecador arrependido
A resposta de John e Sharon Echaniz a esta provação é um testemunho impressionante da maturidade da sua fé católica. Durante o julgamento do assassino do seu filho, expressaram não só a sua dor e angústia mas também um desejo sincero de perdão. John Echaniz, perante o tribunal, citou as palavras de Jesus em Lucas 15, 7, que falam da alegria no céu por um pecador que se arrepende, e ofereceu ao assassino um rosário da Virgem Maria, um gesto simbólico de perdão e esperança de redenção.
Sharon Echaniz, mesmo ausente devido a um tratamento de quimioterapia, deixou uma mensagem escrita expressando o seu perdão a Mathew Wiessing, encorajando-o a dedicar a sua vida a reparar o mal causado e a encontrar paz. Esta atitude reflecte a profundidade da sua fé e a crença na misericórdia divina, capaz de transformar até as situações mais sombrias em lugares de manifestação do poderoso amor de Deus.
Perdão: resultado de uma vida em Deus
Realmente, perdoar não é das atitudes mais fáceis de tomar, especialmente quando a pessoa a quem se deve oferecer o perdão tirou brutalmente a vida de um filho tão amado. Mas o perdão oferecido por John e Sharon não é um acto isolado, ocorrido apenas no calor do momento, mas o resultado de uma vida de oração e devoção. A prática diária do rosário em família, a adoração eucarística e o estudo da Palavra de Deus foram fundamentais para sustentá-los neste tempo de luto. Reconhecem que, falando humanamente, perdoar é impossível sem a ajuda da oração, pois o coração clama por justiça.
A atitude dos Echaniz serve de exemplo para todos nós. Em Portugal, onde a fé ainda desempenha um papel significativo na vida de muitos, a história de John e Sharon pode inspirar os fiéis a olhar para além da dor e do ressentimento, procurando a graça de Deus para perdoar. A sua história convida-nos a uma profunda reflexão sobre a necessidade do perdão nas nossas vidas.
Convidamos todos a reflectir sobre o impacto transformador que o perdão pode ter nas nossas vidas e nas vidas daqueles que nos rodeiam. Que possamos aprender com a coragem e a fé de John e Sharon Echaniz, e que a sua história nos inspire a perdoar, a amar e a viver de acordo com os ensinamentos de Cristo, que nos chama a ser instrumentos de paz num mundo que tanto necessita dela. Que este testemunho nos encoraje a questionar: estamos dispostos a perdoar como eles perdoaram? E como podemos aplicar o poder do perdão no nosso dia-a-dia para curar as feridas e construir um futuro de harmonia e compreensão?