São Nicolau e o Advento: Generosidade e Esperança

São Nicolau e o Advento: Generosidade e Esperança

São Nicolau e o Advento: Generosidade e Esperança

O tempo litúrgico do Advento, com os seus muitos símbolos e celebrações, acende em nós dois sentimentos: a generosidade, que é um acto genuinamente cristão e a esperança, uma virtude que nos faz acreditar que tudo pode sempre ser melhor, pois a vontade de Deus é sempre boa, perfeita e agradável.

Pai Natal e São Nicolau

Um destes símbolos do Advento e do Natal do Senhor é o “Pai Natal”, muitas vezes colocado como um objecto de marketing para atrair vendas e olhares para aquilo que passa e não para a centralidade deste tempo, que é a encarnação do Verbo e o início de um novo tempo em Deus.

Ao lembrarmos, então, do “Pai Natal”, os nossos olhos deveriam voltar-se não para o consumismo e o marketing próprios deste tempo, mas sim para a caridade expressa pela vida, testemunho e boas acções de um grande santo católico: o bispo de Mira, São Nicolau de Bari.

Sim, São Nicolau é a grande inspiração por trás da figura do Pai Natal e isso tem relação não com as vendas, presentes caríssimos e o marketing que tira a centralidade de Cristo e do seu nascimento, mas sim com o grande amor que o santo tinha por Deus e, consequentemente, com as obras que realizava para que pessoas em situação de vulnerabilidade tivessem a sua dignidade de filhos de Deus resgatada.

A generosidade de Nicolau

Se, neste tempo do Advento, somos chamados a viver ainda mais a generosidade como acto de misericórdia, olhando para aqueles que, estando na pobreza, não têm o que comer, beber e vestir, São Nicolau, já no seu tempo, mostrava-se um verdadeiro cristão obediente ao mandato de Cristo. Conta-se que ele ajudou um pai em dificuldades, garantindo que as suas filhas pudessem casar-se dignamente.

A tradição conta que, certo dia, o bispo Nicolau ouviu dizer que um homem havia perdido o seu dinheiro e este tinha três filhas já com idade para contraírem matrimónio. Mas, naquela época, era necessário que as famílias das raparigas tivessem dinheiro para que elas pudessem casar, pois era necessário pagar o chamado "dote". Sem isso, era impossível um casamento acontecer.

A situação financeira daquela família era tão precária que, além de não ter o dote para que as filhas se casassem, faltava-lhes até dinheiro para se alimentarem. Como tal, aquele pai pensou no pior: vender as suas filhas como escravas, já que naquela situação, não sobreviveriam em casa. 

A tristeza invadiu todos, pois com a escravidão, elas não teriam a possibilidade de ter as suas próprias famílias, nem de tomar as decisões mais simples. Na noite anterior à venda da filha mais velha, ela pendurou as suas meias molhadas, à frente do fogo, para secarem. E, depois, todos foram dormir.

No dia seguinte de manhã, ela viu que tinha algo na meia. Foi quando, para sua surpresa, encontrou uma bolsinha cheia de ouro, suficiente para se alimentarem e para pagar o dote. Mais um dia, e aparece outra bolsa cheia de ouro. Na terceira noite, o pai, intrigado com o que se passava, queria saber quem colocara, ali, aquele ouro que estava a transformar as suas vidas.

E conseguiu descobrir: Era Nicolau, que fazia sempre tudo às escondidas, para não ficar com nenhuma glória pelos feitos realizados em favor dos pobres. Este acto de generosidade, realizado em segredo, reflecte a verdadeira caridade cristã.

Um legado especial

Até hoje, com a figura do Pai Natal, muita gente coloca as suas meias decoradas na janela e a maioria nem sabe que este gesto remonta a um santo, a um homem com o coração cheio de amor a Deus e de misericórdia para com os outros.

São Nicolau ensina-nos aquilo que as Sagradas Escrituras também nos dizem: "Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, irá recompensar-te" (Mt 6,3-4)

Por isso, irmãos, peçamos a Deus, pela intercessão de São Nicolau, a graça de também sermos homens e mulheres de corações generosos, sempre dispostos ao bem. Durante este Advento, procuremos maneiras concretas de ajudar os necessitados, inspirados pelo exemplo de São Nicolau.

São Nicolau, rogai por nós!

quinta, 5 de dezembro de 2024