Caminhos de Felicidade: A Bússola da Igreja para a alegria quotidiana

Caminhos de Felicidade: A Bússola da Igreja para a alegria quotidiana

Caminhos de Felicidade: A Bússola da Igreja para a alegria quotidiana

O Caminho para a felicidade é um anseio universal, todas as pessoas desejam uma vida feliz, plena e repleta de sentido na sua jornada, cada um à sua maneira, mas nem todos alcançam a "Vida feliz". Para o padre e escritor jesuíta John Joseph Powell (1925-2009) ser feliz é uma condição natural do ser humano e todos foram criados por Deus para serem felizes neste mundo e também no outro.

No decorrer da história, a felicidade teve diferentes pontos de vista. Um dos primeiros fragmentos filosóficos de Tales de Mileto sobre felicidade compreende-se que é feliz "quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada". Aqui vale atentar para a expressão "boa sorte", pois disto dependia a felicidade na visão dos gregos mais antigos.

Para os gregos, a palavra felicidade diz-se "eudaimonia", que é composta pelo prefixo "eu", que significa "bom", e de "daimon", "demónio", uma espécie de semi-deus que acompanha os seres humanos. Ser feliz, portanto, era dispor de um "bom demónio", o que indirectamente se relacionava com a sorte de cada um; quem tivesse um "mau demónio" era, por assim dizer, uma pessoa de má sorte e infeliz.

Com o passar do tempo, os gregos evoluíram essa ideia, criando orientações para que o homem buscasse a felicidade. Demócrito de Abdera julgava que a felicidade era "a medida do prazer e a proporção da vida" e que o homem precisava deixar as ilusões e os desejos para alcançar serenidade.

Sócrates deu um novo rumo na compreensão da ideia de felicidade. Para ele, a felicidade era o bem da alma que só podia ser atingido por uma vida justa e virtuosa.

A Igreja Católica e a sua influência nos estudos sobre a felicidade

A Igreja Católica, na sua tradição, teve e ainda tem uma influência significativa no estudo sobre a vida feliz, tanto no âmbito filosófico quanto teológico. A sua visão foi moldada por pensadores cristãos ao longo dos séculos, o que impactou a cultura ocidental.

Santo Agostinho (354-430) definiu a felicidade como sumo bem, que consiste no repouso absoluto em Deus. Ele acreditava que não se pode ser feliz enquanto não se alcança o que se deseja, mas não é feliz também quem tem tudo o que deseja. "A busca de Deus é a busca da própria felicidade. O encontro com Deus é a própria felicidade" (Cf. De mor. Eccl. Cath. 11,18).

São Tomás de Aquino (1225-1274) estabeleceu a felicidade como a visão beatífica de Deus; o homem só encontra a felicidade na união plena da alma com Deus. Santo Afonso de Ligório dizia: "para ser santo é preciso fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz". Quando aceitamos com fé e esperança tudo o que nos acontece, alegramo-nos com o coração confiante nos caminhos de Deus, que são melhores que os nossos; portanto, Ele será fiel para dar aquilo de que nós precisamos.

A verdadeira felicidade não está nas riquezas, no poder ou nas conquistas materiais, mas num coração em paz e em conformidade com a vontade de Deus. A Igreja opôs-se de forma crítica ao hedonismo e ao materialismo como forma excludente ao prazer e ao pensamento material; o consumismo e a busca excessiva por bens materiais são contrários aos bons valores espirituais.

Direcções da Igreja para encontrar a alegria no dia-a-dia

As virtudes, a oração, os sacramentos, a obediência, a vida comunitária e a esperança na vida eterna são bússolas seguras que conduzem a vida no quotidiano da alegria verdadeira que vem de Deus.

Virtudes

Para a moral católica, a felicidade não vem do prazer momentâneo, mas da prática das virtudes, alinhando-se com a tradição aristotélica, onde a felicidade (eudaimonia) está ligada a uma vida virtuosa. As virtudes são concedidas por Deus e servem para orientar os cristãos para uma vida feliz em comunhão com Ele e com o próximo.

Oração

A felicidade é um itinerário, uma busca, um encontro com Deus, que é a própria felicidade. Tal encontro é feito pela via da oração: "Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti". Por meio da oração, do encontro pessoal com Deus, o coração alegra-se, a alma descansa, o espírito eleva-se. Portanto, quanto mais eu rezo, mais eu sou feliz.

Os Sacramentos

A Igreja oferece os sacramentos como meios eficazes e concretos para vivermos na fé uma experiência forte e marcante com Deus. Na Eucaristia, somos alimentados espiritualmente e fortalecidos na alma, renovando a nossa alegria; com a Reconciliação, vivemos a experiência do perdão, aliviando o nosso coração e restaurando a paz e alegria interior.

A Comunidade e o Amor ao próximo

A felicidade não é um caminho solitário. A Igreja ensina-nos a viver em comunhão; somos chamados a ajudar e a ser ajudados. A felicidade também está em amar o próximo, servindo com caridade e amor fraterno, como nos revela São Francisco de Assis: "É dando que se recebe".

A esperança na eternidade

Por fim, a verdadeira felicidade está na promessa da vida eterna. Somos peregrinos neste mundo e a nossa jornada não termina aqui. A certeza da ressurreição transforma toda a dor, luto, tristeza e adversidade numa alegria que começa aqui e nos acompanhará até ao triunfo final na eternidade.

"Na glória do Céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em relação aos outros homens e à criação inteira" (Catecismo da Igreja Católica 1029)

A Igreja Católica, com a sua sabedoria milenar, juntamente com os santos que nos precederam, deixou um guia valioso, testemunhando como trilhar o caminho para realmente sermos felizes.

Convidamo-vos a reflectir sobre estas orientações da Igreja e a incorporá-las na vossa vida diária. Que possamos encontrar a verdadeira felicidade em Deus, na prática das virtudes e no amor ao próximo. Juntos, caminhemos rumo à alegria plena que só Deus pode oferecer.

sexta, 28 de fevereiro de 2025