Até que ponto somos realmente Livres?

Até que ponto somos realmente Livres?

Até que ponto somos realmente livres?


25 de abril é o dia da liberdade em Portugal e podemos perguntar-nos: até que ponto somos realmente livres? A Palavra de Deus diz-nos que “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gal 5, 1).

Mas que liberdade é essa? Somos livres para quê? Somos livres para escolhermos a Deus e para sermos bons como Ele é bom.

Mas então somos obrigados?

Se somos livres para escolhermos a Deus, então parece que não somos realmente livres, pois trata-se de uma liberdade condicionada…

Contudo, sabemos por experiência, que podemos optar por Deus ou não. A liberdade por Ele dada como um dos maiores dons que poderíamos receber, permite-nos escolher as coisas do Alto ou não, escolher entre a bondade e o contrário dela, entre o certo e o errado.

Desde o princípio

No Génesis, após a Criação da mulher, vemos que Deus dá a Adão e Eva uma ordem: "Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente" (Gn 2, 16-17).

Deus dá uma indicação clara, mas não coloca uma cerca elétrica ou qualquer outro tipo de impedimento para que o casal não chegue à árvore. Deixa o caminho livre, sem guardas nem vedações.

Deus dá a liberdade de escolha. Mas, sabemos desde pequenos, que as escolhas têm as suas consequências. Eles escolheram contrariar a ordem divina. A consequência? Perderam o Paraíso! Mas Deus ainda assim os sustentou, como Pai que ama.

Adão e Eva tiveram vergonha da escolha que fizeram livremente, mas não tiveram a coragem de voltar e pedir perdão.

O reencontro com Adão

Jesus é Aquele que nos garante a liberdade. A Sua morte na Cruz dá-nos uma carta de alforria para que, livres das mãos do inimigo, possamos escolher o que bem quisermos (e assumir, naturalmente, as suas consequências).

Também assim aconteceu com Adão. Se um dia Adão perdeu o Paraíso por conta da sua desobediência e má escolha, Jesus, o Obediente por excelência, resgatou-o, como nos diz um texto do ofício de leituras do Sábado Santo, dia em que vivemos o vazio e o silêncio do túmulo de Cristo.

O Senhor desce à mansão dos mortos e reconcilia Adão com a verdadeira liberdade. Vejamos o texto no qual Jesus se dirige a Adão:

«Eu te ordeno: Desperta, tu que dormes, porque Eu não te criei para que permaneças cativo no reino dos mortos. Levanta-te de entre os mortos; Eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, minha imagem e semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em Mim e Eu em ti, somos um só. «Por ti Eu, teu Deus, Me fiz teu filho; por ti Eu, o Senhor, tomei a tua condição de servo; por ti Eu, que habito no mais alto dos Céus, desci à terra e fui sepultado debaixo da terra; por ti, homem, Me fiz homem sem forças, abandonado entre os mortos; por ti, que saíste do jardim do paraíso, fui entregue aos judeus no jardim e no jardim fui crucificado.»

E continuou:

«Levanta-te, vamo-nos daqui. O inimigo expulsou-te da terra do paraíso; Eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas no trono celeste. Foste afastado da árvore, símbolo da vida; mas Eu, que sou a vida, estou agora junto de ti. Ordenei aos querubins que te guardassem como servo; agora ordeno aos querubins que te adorem como a Deus, embora não sejas Deus. «Está preparado o trono dos querubins, prontos os mensageiros, construído o tálamo, preparado o banquete, adornadas as moradas e os tabernáculos eternos, abertos os tesouros, preparado para ti desde toda a eternidade o reino dos Céus».

O Senhor libertou Adão e libertando-o, devolve-nos novamente a possibilidade de escolha. Dá-nos liberdade para nos adentrarmos na sala do Trono, para entrarmos na sua intimidade, mas também para nos escondermos Dele, como fizeram os nossos primeiros pais.

E nós?

Elejamos Deus. Façamos esta semana uma lista das nossas últimas escolhas: amizades, compras, sítios visitados na internet e percebamos quais dessas escolhas têm o selo de Deus.

Quarta, 22 de Abril de 2020