Neste ano dedicado a São José, alargamos o nosso olhar em direção à paternidade, como dom e convite de Deus a colaborar com a Sua obra de redenção.
São José não escolheu, mas foi escolhido por seu Filho Jesus, para ensiná-lo, educá-lo, formá-lo. José não só convive, mas serve, debaixo do seu próprio teto, ao Deus que adorava no Templo.
Ser pai muda tudo
Algo que sempre ouvimos dizer é que “ser pai muda tudo”. De facto, muitos pais testemunham o quanto a sua história de vida mudou após o nascimento dos seus filhos. E com São José não foi diferente. Apesar de Jesus não ser seu descendente biológico, a vida do patriarca deu uma reviravolta desde o momento da gravidez de Maria e do nascimento de Jesus.
Pai em dobro
O filme “Pai em dobro” (2021), produzido pela plataforma de streaming Netflix e protagonizado por Maisa Silva, jovem atriz e apresentadora brasileira, apresenta precisamente essa experiência de paternidade como centro da história.
Vicenza (Maisa Silva) vive numa comunidade afastada com a sua mãe e outros familiares, mas sem a presença do pai, ao qual nunca conheceu e de quem a mãe nunca falava.
Ao completar 18 anos, a protagonista aproveita uma viagem da mãe para o exterior, para ir até o Rio de Janeiro e procurar o pai, pois foi naquela cidade que a sua mãe o conheceu, durante uma festa de carnaval.
Durante a sua estadia na tão conhecida cidade brasileira, Vicenza tem apenas uma pista sobre seu suposto pai: uma foto!
O primeiro “candidato a pai” é Paco (Eduardo Moscovis), um artista frustrado e falido, que já não tinha inspiração para criar, pintar, nem tampouco para cuidar de si e das suas coisas. Vicenza aparece como uma brisa no meio da tempestade que era a vida de Paco. A partir da relação de quase paternidade, Paco retoma o desejo de pintar, arrumar a casa e voltar a viver com alegria, apegando-se à filha, mas ainda sem a certeza da paternidade.
O “segundo pai” é Giovanni (Marcelo Médici), um empresário rico, mas que vive em pé de guerra com a sua atual esposa, frustrado com os seus relacionamentos e sem ninguém que o ame com sinceridade e sem interesses. Através de uma outra fotografia, encontrada no lugar onde estava hospedada, Vicenza chega até Giovanni e também transforma a sua vida, dando-lhe um amor desinteressado, fazendo-o rir e reacender o desejo de ser pai e ter uma família bonita.
Mas e agora, quem é o pai?
Nas idas e vindas do filme, Vicenza vai conhecendo cada vez mais os seus “pais”, aprende a amá-los e torna-se agente de transformação na vida de ambos.
Já quase no fim do filme, a protagonista ajuda a promover uma grande festa de recolha de fundos para uma escola de artes e, sem que ela o espere, os seus dois “candidatos a pai”, encontram-se lá, descobrindo que tinham sido amigos de juventude. Percebem, então, que Vicenza não estava certa quanto à paternidade de nenhum deles, acabando por sentir-se usados.
Os testes de DNA vêm revelar que nenhum deles era o seu pai biológico, o que traz consigo o receio de perder aqueles que já amava e tinham passado a fazer parte da sua vida. Assim as coisas, Vicenza, propõe aos dois serem “adotados” por ela e tornarem-se seus “pais” do coração. Ambos aceitam, pois, a relação com a “filha” tinha transformado em pouco tempo as suas vidas e rotinas.
Paternidade para além do sangue
Em “Pai em dobro” e na vida de São José, vemos clara a máxima de que “pai é quem cria”. José teve um papel decisivo na vida de Jesus, sendo o seu protetor desde o ventre materno e em tantas situações ao longo da sua vida de criança e adolescente.
Que São José, pai de Jesus e da Igreja, abençoe tantos homens e mulheres que não geraram biologicamente, mas que com a sua dedicação e entrega geram vida em tantas pessoas, tornando-se verdadeiramente fecundos.
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