Estamos num tempo difícil. Tempo de pandemia, de desespero diante da morte, de dificuldades financeiras, onde o nosso desejo muitas vezes é esconder-nos… Mas esconder-nos onde e como? Esconder-nos em quem?
Sim, temos onde “esconder-nos”... Esconder-nos numa Pessoa que se apresenta como refúgio de paz, como lugar de descanso, como espaço de amor onde todos são amados e vêm as suas forças refeitas: Jesus!
O coração que um dia foi traspassado pela lança do soldado romano nunca mais se fechou. Não que não tenha cicatrizado, mas tornou-se espaço sempre aberto para que cada filho, cada filha, ali se abrigue e se esconda.
Como poderíamos imaginar que num cenário de dor, como a Paixão e Morte de Cristo, surgiria para nós um lugar de paz? O Senhor dos improváveis também age de maneira improvável para tocar e transformar os nossos corações.
Ele manifesta a Sua paz cumprindo a vontade do Pai, por isso, a Cruz não deixa de ser também o manifesto de um Deus feito homem que quer que os seus tenham paz perene, uma paz duradoura que só Dele pode vir.
O preço da nossa paz? A vida do Príncipe da Paz, do Cordeiro de Deus a quem pedimos: dá-nos a paz.
O espanhol e fundador do Opus Dei, São Josemaria Escrivá diz, sem sombras de dúvidas: “O Coração de Cristo é paz para o cristão!”.
Num outro parágrafo, continua referindo-se à morte do Senhor:
“Morrendo na Cruz, Jesus venceu a morte: da morte, Deus tira a vida. A atitude de um filho de Deus não é a de quem se resigna à sua trágica desventura; é antes a satisfação de quem saboreia antecipadamente a vitória. Em nome desse amor vitorioso de Cristo, os cristãos devem lançar-se por todos os caminhos da terra, para serem semeadores de paz e de alegria, com a sua palavra e com as suas obras. Temos de lutar - é uma luta de paz - contra o mal, contra a injustiça, contra o pecado, para proclamar, assim, que a atual condição humana não é a definitiva, que o amor de Deus, manifestado no Coração de Cristo, alcançará o glorioso triunfo espiritual dos homens. O Coração de Jesus é o Coração de Deus encarnado, do Emmanuel - Deus connosco. A Igreja, unida a Cristo, nasce de um coração ferido. É desse Coração, aberto de par em par, que nos é transmitida a vida” (É Cristo que passa, 168-169).
Ainda nos seus escritos, o santo padroeiro do quotidiano, completa:
“Viver no Coração de Jesus, unir-se a Ele estreitamente é, portanto, converter-se em morada de Deus. Aquele que me ama será amado por meu Pai, anunciou-nos o Senhor. E Cristo e o Pai, no Espírito Santo, vêm à alma e fazem nela a sua morada (...) Um cristão que viva unido ao Coração de Jesus não pode ter outras metas: a paz na sociedade, a paz na Igreja, a paz na sua própria alma, a paz de Deus, que se consumará quando vier a nós o seu reino” (É Cristo que passa, 170).
O nosso Santuário quer ser precisamente um lugar onde o Senhor nos recorda o Seu Coração Sagrado, aberto para acolher a todos, mas também a cada um na sua individualidade. Cristo acolhe-nos de braços abertos em Seu Coração, como aquele Pai da Parábola do Filho Pródigo (cf. Lc 15, 11ss) que não quis saber os motivos da atitude do filho, preocupando-se apenas em amá-lo e festejar o seu retorno a casa e à vida de intimidade consigo.
Assim, também neste Santuário, do alto do pedestal, o Senhor a quem agradecemos o dom da paz, vê cada filho que, mesmo com medo e vergonha, quer Nele encontrar um lugar para descansar e aprender a paz que lança fora todo o temor.
O Senhor também nos convida a essa experiência de amor!
Sagrado Coração de Jesus, fonte de milagres e prodígios, tende piedade de nós!