O rapaz que prendeu o vento

O rapaz que prendeu o vento

Que a fome tem matado milhares de pessoas no mundo, não é segredo para ninguém. Que muita gente se reinventa para não morrer assim, muito menos.

Ano de São José

Neste ano de São José, proclamado pelo Papa Francisco, detemo-nos também nas qualidades que são próprias dos homens, em especial dos pais. O protagonista do filme do qual falaremos neste texto aponta precisamente para algo inerente à figura masculina e paterna: ser provedor.

Imaginem São José na sua profissão de carpinteiro. Foi certamente ele quem construiu os utensílios usados diariamente na sua casa e foi sua missão trabalhar para dar o melhor ao Filho de Deus que estava sob o seu cuidado paterno. Imaginem a frustrante busca por um abrigo para que Jesus nascesse dignamente. Podemos imaginar ainda, a fuga para o Egito e o medo que recaiu sobre aquele pai/esposo que precisava assegurar a vida daqueles que estavam sob a sua responsabilidade.

“O rapaz que prendeu o vento” é uma valiosa história de luta de um jovem que quis dar vida ao seu povo.

O rapaz que prendeu o vento

Em "O rapaz que prendeu o vento", um drama biográfico britânico de 2019 e disponível na Netflix, é justamente isso que encontramos: a luta pela vida de um povo que tem sofrido com a seca e a miséria.

Nas quase duas horas de filme, acompanhamos a trajetória de vida de William Kamkwamba, um jovem estudante habitante de Wimbe, no Malawi.

Fome de conhecimento

De família simples e extremamente pobre, William tinha o desejo de saciar também uma outra fome: a de educação. A sua família não tinha condições de mantê-lo na escola, sendo assim, o nosso protagonista consegue, por ele próprio, uma vaga para frequentar o colégio, em especial as aulas de ciências, ministradas por um rapaz que mantinha uma relação secreta com sua irmã.

A sede e a fome de conhecimento de William tinham também um foco: aprender engenharia elétrica e, em concreto, aprender a produzir energia. As aulas de ciências e a biblioteca do colégio tornaram-se fundamentais na prossecução do seu objetivo.

William entende o seu papel

William entende que a sua missão vai para além de se alimentar a si mesmo, o seu ego e os seus desejos. Aquilo que procura não é só para ele, é para benefício de todas as pessoas da vila.

Na década de 2000 a situação agrava-se devido à seca. A fome devastou a vila onde morava e isso fez crescer ainda mais o seu desejo de, através do conhecimento, mudar aquela realidade.

Além da seca, a sua família que já vinha passando por uma forte escassez, foi saqueada; a sua irmã, inclusive, vai-se embora com o seu ex-professor, de forma a não dar mais preocupação e despesas à família.

"Terás de agir como um homem, William. Ninguém virá ajudar-nos!", disse-lhe o pai, reforçando a sua missão de ‘salvar’ o seu povo da fome e da seca. E é com este sonho que o jovem estudante começa a planificar a construção de um moinho de vento que movimentaria uma bomba elétrica de água.

Coração disposto

A única alternativa que o estudante encontra para levar a cabo tal construção é utilizar peças de uma bicicleta do pai, o qual, não acredita no projeto e lhe coloca muitos entraves. É a mãe que intervém e favorece a reconciliação entre pai e filho e, a partir de então, com a ajuda dos amigos e dos moradores que ainda ficaram na localidade, conseguem construir o moinho de vento que auxiliará na plantação.

A educação e o coração disposto a ajudar venceram mais uma vez. Inspirado num livro de ciências, William construiu não só uma ferramenta que facilita e viabiliza a plantação, mas devolveu vida e esperança a todo um povo que clamava por ajuda.

"O rapaz que prendeu o vento" ajuda-nos a entender que todos nós temos não só a capacidade, mas o dever de cuidarmos uns dos outros, de vivermos em fraternidade, de estendermos as mãos aos que mais necessitam.

 

Título original: The Boy Who Harnessed The Wind
O rapaz que prendeu o vento
2019 | +12 anos
Duração: 1h53min
Elenco: Maxwell Simba, Chiwetel Ejiofor, Aïssa Maïga

Onde assistir?

Netflix

Terça, 27 de Julho de 2021