Para nós católicos, o calendário litúrgico é encerrado com uma festa muita cara a nós, peregrinos deste Santuário: a solenidade de Cristo Rei do Universo.
Mas, que Reino é este de Jesus? O Reino pregado por Jesus é o Reino de Deus. Propagá-Lo era a principal missão de Cristo e assim o fez com Sua vida, com Suas parábolas e até com Seus milagres.
Mas que tipo de Reino é esse e como o Reinado de Jesus acontece? É sobre isso que meditamos nas próximas linhas de texto. Que viva Cristo Rei!
O Reino de Deus
“Quando a Santíssima Virgem concebeu o Divino Verbo e deu à luz, obteve metade do reino de Deus; tornou-se Rainha de Misericórdia e Jesus ficou sendo Rei da justiça”, disse Santo Afonso Maria de Ligório, em sua obra “Glórias de Maria” (Ed. Santuário).
Ao pensarmos no Cristo Rei, nos lembramos da fala do próprio Jesus àqueles que o interrogavam antes de Sua Paixão e Morte: “Meu Reino não é deste mundo (…) meu Reino não é daqui!” (cf. Jo 18, 36).
Um Rei Justo
Complementando este episódio do julgamento de Jesus e o texto de Santo Afonso, podemos recordar ainda do evangelho lido justamente na celebração do último domingo do ano litúrgico c, onde Cristo, do alto do Seu trono da Cruz, age com justiça ao ouvir o apelo daquele que sofria o mesmo suplício: “lembra-te de mim quando vieres com Teu Reino” (Lc 23, 42).
Como Rei Justo que é, Jesus lhe dá a “sentença”, agindo com equidade, dando ao “bom ladrão” não aquilo que este merece, mas aquilo que precisa: “em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).
Um presente do Rei
Feito “Rei” dos judeus, Jesus chora pelos que sofrem, consola os que ficam desolados e dá a todos, uma Rainha de Misericórdia, como refúgio, alento, como presente.
A Rainha da Paz e da Misericórdia acolhe em seu colo materno cada filho ferido, maltratado pelo pecado e pelas más escolhas, para lhes dar sustento e esperança na vida que há de vir.
“Jesus, então, vendo a mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à mãe: ‘Mulher, eis teu filho!’. Depois disso ao discípulo: ‘eis tua mãe!’” (Jo 19, 26-27). Na pessoa do discípulo amado, cada um é recebido como filho no Filho, para ser gerado pela Mãe da Misericórdia, como filho deste que é o maior atributo de Deus.
Coração Transpassado
O mesmo coração que pulsa de amor e por justiça e que podemos contemplar na imagem do Cristo Rei em nosso santuário, um dia foi transpassado injustamente pelos algozes do reino deste mundo.
Daquele coração misericordioso e justo, fluiu sangue e água, lembranças dos sacramentos que hoje todos podemos receber como dádiva de um Deus que não nos abandona nunca.
O Batismo, recordado na água e a Eucaristia lembrada na espécie do sangue jorrado do coração aberto de Jesus, são sinais visíveis de uma graça invisível que nos alcança dia e noite a nos recordar de nossa filiação divina, mas também da promessa de Jesus que um dia disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20).
Nos acolhe de braços abertos
Fiquemos a imaginar como Cristo um dia nos receberá em Seu Reino: de braços abertos, um Rei Redentor de coração ferido com saudades não de seus súditos, mas dos amigos que salvou por amor, justiça e misericórdia.
Um dia, ao adentrarmos o Reino de Deus, nos encontraremos com Jesus, e poderemos talvez, fazermos a experiência citada por C.S. Lewis, grande autor cristão e inglês, em sua obra “O peso da glória”:
“Talvez pareça muito primitivo descrever a GLÓRIA como o fato de ser ‘notado’ por Deus, mas essa é quase a linguagem do Novo Testamento. O apóstolo Paulo promete àqueles que amam a Deus não que conhecerão a Deus, como seria de se esperar, mas que serão conhecidos por Deus (cf. 1Cor 8, 3)”.
Como Viver o Reinado de Jesus?
Podemos parar nos milagres de Jesus e na Sua ação nos tempos bíblicos ou ainda, viver este Reino aqui e agora com ações muito práticas, como:
- Lutar contra a indiferença: Tenho olhado para a realidade daqueles que convivem comigo?
- Viver a caridade: Consigo tirar do que tenho para dar para aquele que nada tem?
- Viver a justiça: Pago a quem devo? Faço o que esperam de mim no meu trabalho?
- Viver a honestidade: Sou honesto comigo mesmo ao assumir responsabilidades?
Viver o Reino de Jesus e Seu Reinado é também assumir Suas lutas como nossas. Aceita esse desafio?